O cheiro da broa de milho
O café sem pressa
A porta da rua aberta
Os vizinhos sempre bem-vindos
Era assim quando eu era menino
O tempo passou e, inclemente, nunca parou
O café agora é espresso
Os vizinhos? Desconheço
A porta da rua sempre trancada
A broa de milho é da padaria
E a violência é a notícia do dia
O tempo passou e, inclemente, nunca parou
Saudades da época em que eu achava
Que tinha tempo a perder
Do avô, da avó, dos tios, dos primos
Da sensação de não correr perigo
De ver no mundo um grande e acolhedor amigo
Pelo menos nesse instante – agora!
Enquanto meus pensamentos vão
Para um passado distante
O tempo não foi adiante
Pelo contrário – voltou!
Sinto cheio de erva-doce.