A dor
De se ver a dor
De quem se ama
Doendo
E nada poder fazer
Além de
Exponencialmente
Sentir dor
Descomunal
Desumana
A dor do amor
Mas eis que não há
Nunca houve
Nunca haverá
Amor sem dor.
A dor
De se ver a dor
De quem se ama
Doendo
E nada poder fazer
Além de
Exponencialmente
Sentir dor
Descomunal
Desumana
A dor do amor
Mas eis que não há
Nunca houve
Nunca haverá
Amor sem dor.
Cai do céu
E deita aqui comigo
Vem aqui iluminar
Livra-me do perigo
Esquenta-me já
Coração nu a esperar
Por uma chance
De bater sem descompassar
A qualquer hora
Em qualquer lugar
O que fazer
Além do esperar?
Eu não sei
Como ir buscar
O que preciso
Para me acalentar
Estrela, seu sei
Precisa brilhar
E eu só quero
Sentir e ser o seu cintilar.
Eis-me aqui no porto seguro de todas as naus: o fundo do mar.
Ah! Mar…
Sou um náufrago do amar.
As horas avançam
E a necessidade encrustrada desperta
E revela planos
Tramóias e enganos
Verdades incompletas
Que não escondem
A porta que deixas aberta
Em teu peito
Durante a noite
Onde me escondo
Deliciosas descobertas
E no teu sussurro desconexo
No teu gemido que sai rouco
Nas marcas que deixas em meu corpo
No teu vigor que me deixa louco
Entrego-me
Renego-me
Nossa unicidade plena
Não é doxa ou paradoxa
É teorema
E nessas sessões de tortura consensual
Reciprocidade arreganhada
Desavergonhada
Toques e retoques
Tudo pleonasticamente abissal
Fazemos-nos homem e mulher
E que seja feito o que o universo quiser
Desse fogo que nos rasga
Nos assa e amassa
Enquanto nos comemos à colher
E a manhã que chega úmida
Fronhas e lençóis
Que escorrem
E que nos fazem lembrar
Que não há melhor prazer na vida
Que por a roupa de cama para lavar.
Ouvi aquela música
Coloquei aquele perfume
Senti aquele cheiro
Fui naquele restaurante
Pedi aquela comida
Senti aquele gosto
Tomei aquele café
Vi aquele filme
Tomei aquele banho
Usei aquele sabonete
Folheei aquele livro
Pensei naquele assunto
Dormi daquele jeito
Sonhei aquele sonho
Sim…
Você sabe do que estou falando
Estava comigo para todos os efeitos
A saudade me faz replicar de longe
Todos os nossos cotidianos e banais feitos
Eu confesso! Eu confesso!
Meu maior e mais grave defeito
É deseja-la rotineiramente
No futuro do pretérito do presente perfeito
Nua…
Totalmente nua…
Batendo asas no meu leito.
E me encontro
Quando te encontro
Em cada desejo
No safado gracejo
Que só a você faz rir
É automático
Sintomático
Intergalático
Nunca burocrático
O sorriso que brota
E que vai de porta em porta
Querendo se mostrar
Querendo fazer o mundo sorrir
É contagiante
Grande feito um elefante
Raro como diamante
Droga super alucinante
Que descobrimos juntos
E para qual não há antagonista
Que vicia e conquista
E faz parar o tempo
Nos nossos momentos
Atemporalmente únicos
Únicos…
Únicos…
Há temporais únicos.
Não creio que a Lei da Palmada se aplique ao nosso caso. Até porque você pede. Você gosta.
Eu digo que não!