Vou de barco
O mar de alguma forma simula
O vai e vem quando estou dentro de ti
E aninhado em teus braços
Vou de avião
Para sentir aquele frio na barriga
E ver nas nuvens que vão do magenta ao cinza
Os mil tons de convites que exalam do teu corpo nu
Vou de trem
Quer seja em vagarosa e vigorosa Maria Fumaça
Ou um dilacerante e retumbante trem-bala
Dependendo do trajeto, da paisagem, do momento
Vou de carro
Para que no meio dos engarrafamentos
Eu sinta e aprecie todo tormento
Das nossas torturas auto infligidas e para lá de lascivas
Vou de bicicleta
Para manter o equilíbrio necessário
E manter-me firme no nosso caminho
Nos momentos de amor cintilados de espinhos
Vou a pé
No calor extenuante do verão
Para sentir e ver na alma, no corpo e no coração
O calor que só a tua presença agiganta e agita
Mas não vou a lugar algum
Já não preciso mais ir
Preciso mesmo é estar aqui
Onde todos caminhos me levam invariavelmente a ti.