O Louco – Khalil Gibran

Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando:

“Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um rapaz no cimo do telhado de uma casa gritou:

“É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo.

O sol beijou pela primeira vez a minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras.

E, como num transe, gritei:

“Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”

Assim tornei-me louco.

E encontrei tanta liberdade como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

15 pensamentos sobre “O Louco – Khalil Gibran

  1. Pingback: Loucos por viver | Poesias de Mãos que Sentem

    • Boa tarde! Você está falando deste texto?

      “No Templo

      Ontem à tarde, nos degraus de mármore do Templo, vi uma mulher sentada entre dois homens. Um lado de seu rosto estava pálido; o outro, enrubescido.”

      Parece-me que a mulher está entre um homem que a oprime, ou no mínimo a assusta (lembrando que palidez é algo relacionado à morte) e outro que a deixa enrubescida, cheia de vida. Que a faz se sentir amada, talvez?

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