O Diabo em nosso dia a dia

Um dos piores desfavores que as religiões fazem para seus seguidores é representar Diabo de maneira arquetípica: chifres, rabo, fogo, cheiro de enxofre, etc.

Mas não é este mesmo Diabo descrito como o Príncipe das Mentiras? E assim sendo, não poderia ele mesmo se apresentar de maneira que fugisse ao seu arquétipo justamente para não ser reconhecido?

Parece-me óbvio que o diabo está em botecos cheios de pessoas caindo pelo chão, casas de prostituição, surubas em geral, mas não será esta uma visão simplista? O que o diabo tem a ganhar nestes lugares, já que as pessoas que lá estão já sucumbiram às trevas?

Minha argumentação tem um único objetivo: mostrar que as coisas não são tão simples quanto parecem. O Diabo não está apenas nos lugares óbvios que mencionei. É possivel encontra-lo em situações cotidianas. E ao encontra-lo, ele provavelmente não terá a aparência arquetípica. Talvez não se manifeste como ou seja o que se espera da personificação do mal. Talvez seja apenas uma serpente silenciosa, que entra na vida das pessoas como quem deseja a elas tudo de bom. Como um amigo, um amor, um mentor, ou de qualquer maneira que possa seduzir, desviar e inflar o ego de suas vítimas. E tudo isso apenas para ganhar a confiança, o amor, e logo depois deixar as vítimas no chão, sem esperança, sem dignidade, bem longe de Deus.

Portanto, é bom repararmos nos detalhes e não nas aparências. Reparar nas atitudes e não nas palavras (palavras são NADA para o Diabo). No que de fato é e não no que é vendido ou prometido.

O Príncipe das Trevas só tem o poder que é voluntariamente fornecido a ele, de maneira consciente ou não. Fiquemos todos atentos, então, e cada vez mais perto de Deus para que não sejamos enganados ou iludidos pelo Príncipe das Mentiras.

Maiores detalhes em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/L%C3%BAcifer

11 pensamentos sobre “O Diabo em nosso dia a dia

  1. Eis a controvérsia que a humanidade criou para se deixar levar em suas próprias criações e não olhar para dentro de si mesmo. Nossa humanidade, tantas vezes tão desumana, está carregada destas artimanhas arquetípicas, para viver um pouco mais como se o mal estivesse e viesse de fora…

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    • Bem isso mesmo. Perfeito! Falta autocrítica. Falta entender que determinadas atitudes e comportamentos não são aceitáveis. Falta assumir de forma mais direta que se A é capaz de fazer o mal, B não necessariamente é. É incrível os malabarismos que as pessoas fazem para evitar a responsabilidade sobre seus próprios atos. Obrigado pelos comentários.

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  2. Texto bom e interessante. A temática do MAL nas diversas religiões é um objeto interessante de análise. Porém, todas as religiões tratam esse poder diabólico como algo distante do ser humano e que apenas o captura através dos seus deslizes. O mal está dentro de nós mesmos e convivem entre nós o bem e o mal não dessa forma tão dicotômica e maniqueísta, mas em fluidez. O meu último texto no meu blog sobre o livro “Tudo é rio”, da Carla Madeira traz esta narrativa desta autora que também questiona essa dicotomia bem x mal. Lendo o seu texto, Fábio, fiquei refletindo que acredito que hoje, pelo menos com os padres mais abertos, a Igreja Católica pelo menos nem apregoa tanto essa imagem do diabo com essa forma de chifres, garras e dentes afiados etc., mas continua a apregoar uma visão de diabo em coisas que não necessariamente significam o mal como por exemplo a não-aceitação da homossexualidade (dizem que a Igreja está mais aberta, mas é mentira), a não aceitação dos casais de segunda união (ou seja, ainda acredita na indissolubilidade do casamento). Para mim, esses “diabos” criados pelo catolicismo são mais perigosos ainda do que o diabo com chifres e garras. Obrigado por permitir a partilha.

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    • Gostei muito dos seus comentários. Acho que você tocou em um ponto chave (casamento), que de acordo com as igrejas é algo eterno. Se a dissolução é impossível, casar pode ser uma benção ou danação, algo bizarro de acordo com a minha percepção de Deus.

      Valeu e volte sempre!

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      • Oi Fábio, permita-me continuar refletindo com você, pois eu sou uma pessoa bastante religiosa (às vezes, em conflito religioso) e isso que você traz sobre o casamento é muito interessante, pois muitas pessoas querem manter suas crenças na Igreja ou nas igrejas, mas por outro lado não concordam com muitas coisas apregoadas por elas. E aí é que o casamento pode ser mesmo uma danação. Outro ponto a se pensar é que muitos querem o sacramento do matrimônio por exemplo, só para ir lá, fazer a cerimônia, a noiva entrar igual um pavão na igreja etc… não entendem e nem sabem o que significa. Outro dia passei por algo assim, mas com a Crisma. Uma parente minha crismou mas só fazia cara de “por que estou aqui?”, claro obrigada pelo pai, mas mesmo ele não segue a religião e só levou por protocolo.

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        • Eu também sou bastante religioso e passo com frequência por estes conflitos. Para ser bem sincero, tenho frequentado mais a igreja vazia do que durante missas, por exemplo. Entendo que é necessário ouvir de tudo um pouco, mas nossas dúvidas são individuais, e na maioria dos casos um diálogo íntimo e sincero com Deus faz mais por nós do que uma cerimônia.

          Na minha modesta opinião, a religiosidade nunca deve estar acima da fé. Ter diferenças em se tratando da religião que alguém professa não afasta necessariamente esta pessoa de Deus. Acho que é por aí…

          Abraços!

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