Amor e outras necessidades que brotam em poesias, contos, crônicas, músicas e imagens. Tudo visceral. Tudo fora de ordem. Não necessariamente verdades.
Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, Porque eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: Pois assim como ele ama a flecha que voa, Ama também o arco que permanece estável.
O amor não é a foto no Instagram
É o que faz a foto precisar existir
Não é a mensagem do WhatsApp
Mas a vontade de enviar a mensagem
Não é o coração do Facebook
Mas o sorriso indisfarçável por detrás da tela
O amor é sempre causa
Nunca consequência
Nunca vi um amor sobreviver só de palavras
De declarações
Nunca vi um amor sobreviver só de coisas grandes
Monumentais
O amor se retroalimenta de coisas pequenas
Da intimidade, da cumplicidade
Da atenção aos mínimos detalhes
Da generosidade e da sinceridade
Da desavença e do entendimento
Do perdão, da compreensão
O amor é pai de tudo que é bom
De tudo que na vida faz genuína diferença
E eu, como aprendiz de poeta
Digo que o amor não está nas minhas poesias
Mas no que não mostro
Aceito e sinto
Pois para mim, o amor é invisível
Mas eu sei –
E como sei! –
Que ele de fato existe
O amor é minha única verdade
E em busca da verdade eu sigo.
Há algo no teu sorriso Que me inquieta, Que em mim tudo desperta, Que me fascina.
Há algo na fumaça que sai da tua boca Que me atravessa, Que em mim é promessa, Que me domina.
Há algo no teu corpo riscado Que me testa, Que em mim é festa, Que me desatina.
Há algo em teus cabelos e olhos negros Que me cativa, Que a mim desajuiza, Que me alucina.
Mas acima de tudo, Há algo em tua alma Que se traduz em luz, Que irradia de teus poros, E que iluminou Os becos e vielas Pelos quais já andei, Sempre contigo por perto (de alguma forma) Ou com você em mim.
És uma estrela De pujante fulgor Que cintila em meu caminho, E quando sigo em tua direção – Estás em toda e qualquer direção – És a única direção – Sei que não estou sozinho.
Do meu orgulho me dispo,
Mas não sem antes fulminar
Com a fúria enlouquecida de meus dentes,
O que com um reles e vadio olhar
Não antes rasguei da tua roupa.
Não percebes que ficaste nua na mesa?
Não percebes que tua calcinha ficou pelo chão?
És o molho e a calda,
A refeição e a sobremesa.
FODA-SE TUDO!
FODAM-SE TODOS!
Fodamos nós…
A sós…
Ou sobre a mesa
Sobrecoxa
Sobre tuas coxas
Sobremaneira!
PORRA!!!
O teu gozo é a ladeira
Para o infinito.
Eu grito!
Eu urro!
Entre nós
Não há muros.
Eu só vivo
E só quero –
Exatamente –
Tudo do que em ti
E em mim mais ainda
Mergulho.
Na ausência de palavras articuladas, No silêncio sepulcral que não é meu, Mas que me invade e me domina, Arde-me e consome-me, Tudo cabe, Tudo é, Tudo existe.
Não tenho medo de silêncios, Mas tenho pavor a tudo que eles dizem, Porque nunca sei se o que eles dizem É o que de fato estão a me dizer.
Silêncios não me matam, Mas silêncios me torturam.
E eu permaneço em silêncio, No opróbrio do nada ignorar, E do nada, do absolutamente nada, – Posto que o silêncio é o nada – Nada saber.