Quando… (texto e declamação)

Me procure
Quando o álcool tiver se encarregado
De afogar o teu orgulho,
Quando teu coração falar mais alto
Do que todas as grades a tua volta,
Quando sentir que não há saída
Porque a porta era só de entrada,
Quando a verdade transbordar líquida
Pelas linhas do teu rosto,
Quando teu peito ficar apertado
Pela saudade do que nunca foi pouco,
Quando sentir loucamente minha falta
Por dentro e por fora do teu corpo.

Me procure quando quiser se achar,
Quando resolver viver e ser,
Quando decidir se buscar,
Posto que já estou bem longe
Do quão perto já estive
E sozinho, eu já não sei mais voltar.

Nunca brinquem quando forem doar sangue!

– O senhor tem alguma doença sexualmente transmissível?
– Não.
– Já teve hepatite?
– Não.
– Dormiu bem essa noite?
– Sim.

– Ok, o senhor está apto a doar sangue. Como não é a primeira vez que doa, já sabe como proceder após a doação, correto? Precisa se hidratar, não pode fazer força com o braço, não pode beber hoje…
– Como assim não posso beber hoje?
– Não pode por conta da doação…
– Então, não vou doar! (levanto-me e finjo que vou embora)
– …
– Oi, era só uma brincadeira…
– O senhor é dependente do álcool?
– De forma alguma… Eu estava brincando…
– O senhor está fazendo tratamento para se livrar da dependência?
– Eu estava brincan…
– O senhor bebeu hoje???

15 minutos depois…
– Ok, mas não brinque assim novamente. Nosso trabalho é muito sério.
– Eu sei… Eu estava só brincando, já disse.
– Quantos anos o senhor tem?
– Quarenta e quatro.
– Não parece…
– Isso foi um elogio?
– Não.