Embarcou. Deixa eu ligar para a amiga dela.
– Pronto. Só vamos ter que pensar em como resolver esse assunto daqui a 3 meses.
Eu me sentia poderoso. Estava namorando uma e saindo com a amiga dela. A minha namorada tinha embarcado para um intercâmbio e ficaria fora durante 3 meses. Enquanto isso, eu pegaria a amiga dela. Por que não? Eu era jovem. Podia tudo. E eu estava no maior estilo “pinto no lixo”. Pinto nascido de galinha, para deixar claro.
Os 3 meses se passaram rapidamente e fui me encontrar com a minha namorada no Museu da República no dia seguinte a seu retorno ao Brasil. Lugar lindo e completamente antagônico ao diálogo escroto que se sucedeu.
– Tudo bem? Como foi lá?
– Nossa! Foi sensacional! – Bla, bla, bla… – Inclusive, trouxe esses presentes para você.
Não era um presente. Eram vários. Fiquei sem saber o que fazer, mas a decisão já estava tomada.
– Olha… Muita coisa aconteceu enquanto você estava fora. Eu gosto muito de você, mas estou com outra pessoa…
– Como assim? Eu fui cantada o intercâmbio inteiro, não fiquei com ninguém, e você me diz isso assim que eu chego?
Lavamos roupa suja. Ela chorou. Eu chorei. Perguntei se ela queria os presentes de volta. Ela disse que não. Demos um longo beijo de despedida. Em seguida, corri para o telefone e liguei para a outra.
– Olha, já resolvi a situação. Sim… Teve beijo de despedida. O que? Não quer ficar mais comigo por conta disso?
Puta que pariu! Agora, eu estava sem nenhuma. Liguei para a ex. Sim, a do intercâmbio.
– Vamos voltar? Eu estava nervoso… Sei lá… Você ficou muito tempo distante…
Voltamos e tal. Naquela mesmo dia, durante a noite, recebi uma nova ligação da amiga, dizendo que entendia o beijo de despedida na ex, que me perdoava, e que queria ficar comigo. “Tenho que dar um novo telefonema”, pensei.
– O que? É a segunda vez que você termina comigo no mesmo dia! Vá se foder! – E bateu com o telefone na minha cara.
Só para recapitular: neste momento, eu estava namorando com a amiga da ex com a qual eu havia terminado duas vezes no mesmo dia, logo após ela voltar do intercâmbio.
O tempo passou, e percebi que a tal amiga da ex era um saco. Bonita, rica, mas era um saco. Chata ao extremo, ao ponto de afetar até a minha capacidade de trabalhar. Meu chefe, inclusive, me recomendou que terminasse com ela. Eu estava ficando chato como ela. Chatice é algo contagiante ao que tudo indica.
E um dia, novamente andando por perto do Museu da República, encontro com a ex. Sim, a do intercâmbio. Achei que ela iria me matar, mas foi doce, atenciosa. Perguntei se ela já tinha almoçado. Fomos almoçar e nos pegamos. Contei tudo que estava acontecendo, e ela me recomendou terminar com a “amiga” dela. Aceitei. Fazia todo o sentido.
– Não dá mais… Você é muito chata! Fique aí no seu mundinho de faz de conta, de menina riquinha, e seja muito feliz!
O aniversário dela seria na semana seguinte. Como ela ainda tinha alguma esperança que a gente voltasse, me convidou para ir na festa mesmo assim. Não fiquei com a menor vontade de ir, mas mudei de idéia quando recebi um convite da minha ex (a do intercâmbio) para ir como seu acompanhante para a festa. Eu imaginava que daria alguma merda, mas eu queria mais é ver o circo pegar fogo!
Só não transamos no gramado da festa da aniversariante, na frente de todo mundo, porque seria muito agressivo. Meus amigos, que sabiam de tudo, se divertiam. A aniversariante queria me matar. Queria matar a ex-amiga. Gritaram meu nome no “com quem será”… Uma noite muito louca, por assim dizer. Inesquecível!
Na hora de ir embora, a moça do intercâmbio olha nos meus olhos e me diz.
– A vingança é doce quando é servida fria. Não me ligue. Não me procure jamais, seu babaca! É bom ser usado, né?
Eu não me sentia usado, mas entendi perfeitamente o que ela quis dizer. Por via das dúvidas, resolvi nunca mais procurar nenhuma das duas. E se começasse tudo de novo?

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