Aos poucos, minhas asas estão cicatrizado, e em breve poderei voar.

Aos poucos, minhas asas estão cicatrizado, e em breve poderei voar.
Eu jamais tiraria o teu chão
Sem ter a certeza de que poderias voar –
Eu já tinha visto as tuas asas!
É preciso ter força
E muita coragem
Para rebobinar o filme
Rever as cenas com precisão
É preciso desver
Para ver de novo
Para entender o sentido
E sentir os motivos, a razão
É preciso humildade
Para olhar nos olhos
Para deixar o coração dizer
Eu errei e pedir perdão
É preciso se fechar
Para poder se abrir
Ver as coisas como de fato são
Viver a intensidade da imensidão
É preciso precisar
Lutar para se encontrar
Ouvir a voz da alma
Recobrar a compreensão
Sem o que é preciso
Tudo é impreciso
Difícil e amargo
Asas cortadas e voo rente ao chão.
Eu não te dei asas;
Tu já as tinha.
Talvez dobradas,
Amarrotadas,
Mas contigo já estavam.
Eu não te dei sorrisos;
Tu já os tinha.
Talvez acabrunhados,
Pensando-se exagerados,
Mas contigo já estavam.
Eu não te dei suspiros;
Só ajudei-te a desengaiola-los.
Eu não te dei prazeres;
Só ajudei-te a vivencia-los.
Eu não te dei nada,
Porque de fato era do nada que precisavas.
Só olhei-te com os olhos e lentes do amor,
E de dentro do teu coração,
Estas e milhares de outras sementes brotaram.
A verdade não me deixa sem chão
Muito pelo contrário:
A verdade me dá asas
E do alto
Eu vejo e me vejo
Cada vez mais distante.
Não espere de mim o óbvio.
O óbvio está em todos,
Em todas as esquinas,
E eu não quero ser só mais um
Para deixar claro:
Se for para ser mais um,
Não faço questão de ser nada,
Porque sei e não abro mão do que sou.
Ando cansado desses jogos,
Dessas coisas babacas do “amor”.
Perde-se tempo em disputas inúteis,
Onde nunca há vencedores.
O amor é para ser sentido,
E não para ser raciocinado,
Mendigado ou exigido.
Se todos os passos são calculados,
E nunca há risco de se pisar em falso,
Não é amor, porque amor é risco
E amar coisa de gente corajosa.
Amor é liberdade,
É asas, é sonhos,
Não tem nada de óbvio.
E por isso eu amo.