Voo rente ao chão

É preciso ter força
E muita coragem
Para rebobinar o filme
Rever as cenas com precisão

É preciso desver
Para ver de novo
Para entender o sentido
E sentir os motivos, a razão

É preciso humildade
Para olhar nos olhos
Para deixar o coração dizer
Eu errei e pedir perdão

É preciso se fechar
Para poder se abrir
Ver as coisas como de fato são
Viver a intensidade da imensidão

É preciso precisar
Lutar para se encontrar
Ouvir a voz da alma
Recobrar a compreensão

Sem o que é preciso
Tudo é impreciso
Difícil e amargo
Asas cortadas e voo rente ao chão.

Eu não te dei nada

Eu não te dei asas;

Tu já as tinha.

Talvez dobradas,

Amarrotadas,

Mas contigo já estavam.

 

Eu não te dei sorrisos;

Tu já os tinha.

Talvez acabrunhados,

Pensando-se exagerados,

Mas contigo já estavam.

 

Eu não te dei suspiros;

Só ajudei-te a desengaiola-los.

Eu não te dei prazeres;

Só ajudei-te a vivencia-los.

 

Eu não te dei nada,

Porque de fato era do nada que precisavas.

 

Só olhei-te com os olhos e lentes do amor,

E de dentro do teu coração,

Estas e milhares de outras sementes brotaram.

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Desobvializando

Não espere de mim o óbvio.

O óbvio está em todos,

Em todas as esquinas,

E eu não quero ser só mais um

Para deixar claro:

Se for para ser mais um,

Não faço questão de ser nada,

Porque sei e não abro mão do que sou.

Ando cansado desses jogos,

Dessas coisas babacas do “amor”.

Perde-se tempo em disputas inúteis,

Onde nunca há vencedores.

O amor é para ser sentido,

E não para ser raciocinado,

Mendigado ou exigido.

Se todos os passos são calculados,

E nunca há risco de se pisar em falso,

Não é amor, porque amor é risco

E amar coisa de gente corajosa.

Amor é liberdade,

É asas, é sonhos,

Não tem nada de óbvio.

E por isso eu amo.

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