Parte IV
Não, mil vezes
Não!
As mãos se enroscam
Os corpos se encostam
E da tua boca só se houve
Não!
Vazio infinito
Queda livre
Montanha russa
Roleta russa
As línguas se entendem
Desde que não conversem
E de olhos fechados
Quase de tudo acontece!
Mas insistes no não
Ainda que respires com
Sofreguidão
Ataque de pânico
Avassalador
Lágrimas que caem
O culpado é o amor!
Distância segura?
Outro sistema solar!
Fingir que não sente?
Que tu tentes –
Verás no que vai dar!
Eu tenho fé
Já te disse
E mesmo assim duvidei
De mim
De nós
Precisou um anjo
Que por certo
Tinha mais o que fazer
Dar-me umas bofetadas
Para não me deixar
Esmorecer!
E no teu caso
Fazemos como?
Fingimos que não somos?
Fingimos que não fomos?
Fingimos, fugimos
Sem honra alguma
Desistimos
Do nosso sagrado direito
De buscar a felicidade
O amor perfeito?
Cala-te, mulher!
Deixa que eu falo
Por nós dois
Se na minha presença
Enlouqueces
Como será na
Minha ausência?
Como será o depois?
Nada entre nós
É feijão com arroz
É intenso
É gourmet
É de comer
De beber
De ver
De ouvir
De cheirar
De tocar
De pegar
E não mais largar!
Falas de tempo
Como se fosse algo
Infinito
E os teus gemidos
E os teus gritos?
Queres nisso tudo
Dar um fim?
A maldição
Não é estar comigo
É estar sem mim!
Precisas que fique de joelhos?
Negue-me
Renegue-me
Ou
Navegue-me
Recebe-me?
Eu respondo por ti
Se for o caso
Do auge da tua
Pseudo-razão
Não percebes que
Teu coração
É por mim que bate?
Estou em jejum
Nem água passa
Pela minha garganta
Imploro feito
Uma criança
Não me envergonho disso!
Também não durmo
Faz muito tempo
Esse amor é nosso rebento
Trates de cuidar deste bendito!
Não desistirei tão fácil
Não desistirei
Não
Não desistirei
Não desistirei tão fácil
Ficou claro?
Não, mil vezes
Não!
Também diz
Meu coração
Quando insistes
Que tua – repito
Pseudo-razão –
Com nosso amor
Não pode
Coexistir
A tua teimosia
Me frustra
Porque teus olhos
Os espelhos da
Tua alma
Esses nunca
Jamais
Me disseram
Ou dirão
Um não.
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