Sempre no gerúndio ou no futuro:
Nunca no presente.

Há tantas poesias e tantas memórias,
Tantas histórias que fazem o fim
Não ter fim.
E eu tinha medo disso.
Medo de ser consumido pelo passado,
Pelas recordações,
Pelos momentos muito mais do que felizes
Que vivemos juntos.
Hoje, não mais.
Aprendi tanta coisa,
Experimentei tanta coisa,
Vivi tanta coisa boa,
Cresci tanto a teu lado…
Como posso ignorar isso?
O fim foi estranho –
Sabemos disso.
Foi um fim sem fim,
E assim, precisei criar um,
E nele você foi abduzida por ETs.
Talvez eles estejam fazendo experimentos
E estudando o seu DNA,
Mas os ETs gostaram tanto de você –
Feito eu –
Que decidiram não te devolver.
Eu também não devolveria,
Confesso.
Talvez você esteja me vendo de onde está,
Mas isso não importa.
A menos que os ETs tenham lavado sua memória,
Sei que lembra das coisas como eu me lembro,
E isso que é o importante:
Mesmo ausente, ser presente na vida de alguém.
Que os ETs cuidem bem de você.
Você merece e sim, eu sei:
Você não é mais do meu mundo.
Que não seja contigo
Mas é sempre por ti
É sempre em ti
És tudo
Absolutamente nada mais –
Posto que não há nada mais –
Cabe em mim
Tu me transbordas
És enchente
És vida
És o presente
És o ausente
És o nascer
És o poente
És tudo
Estás
Invariavelmente
Inexoravelmente
Nos milissegundos do sempre
Aqui.
Teu segredo
Se revelou de forma veemente
Quando gritou o teu coração
E tentou ignora-lo a tua mente
Não seria de mais valor
Ou talvez mais prudente
Deixares de fingir que é dor
O amor que deveras sente?
Ah! O amor…
Essa coisa insistente
Que não pede por favor
E que torna o completo carente!
Ah! O amor…
Do qual tu foges bravamente
Mesmo sabendo que não há vida
Quando parte de ti está ausente
Ah! O amor…
Não, não estás doente
Já que és tão racional
Que reconheças: estás impotente!
Ah! O amor…
Que te rendas a este insistente
Que subjuga-te a seus caprichos
Não se trata de mero acidente
E que fique claro que sua existência
Não depende do teu aceite
O amor é o amor
Abusado e insolente.