Sorria sempre!

Você se foi e não se tornou uma pessoa horrível por isso. Não passei a te odiar e a torcer para que tudo dê errado em tua vida por conta de você ter ido embora. Não mesmo. Não faria sentido algum ser assim. O que eu sentia era amor e continua sendo de alguma forma.

Deixei claro que por mim você não iria. Deixei claro o quanto eu te amava, e se mesmo assim você decidiu ir, o que posso fazer além de torcer para que você seja feliz?

Amar é isso. É deixar ir. Se você faz falta? Muita. Minha vida ficou meio sem graça, como se estivesse faltando um pedaço. Há dias bem difíceis. Mas, se você não queria ficar, de que me adiantaria a sua presença? De nada. De absolutamente nada.

É preciso encarar os fatos. Até para sofrer é preciso ter dignidade. Você se foi porque quis e nesse sentido me fez até um favor. Quero ao meu lado quem sinta que precisa e queira estar comigo, que ria das minhas palhaçadas, que admire a maneira como eu encaro a vida, o meu jeito de amar, e que sinta vontade de ficar e pagar para ver como vai ser o futuro. Eu mereço isso, entende? Também mereço ser feliz.

Eu espero que você esteja feliz e curtindo a tua vida. Era isso que eu te desejava e nesse sentido nada mudou. O que vivemos juntos foi uma (quase) vida inteira, e não vou deixar que um eventual apego ou mesmo alguma carência turvem ou distorçam as nossas memórias. Não mesmo. Foi tudo muito bom (minha memória é seletiva: só lembro das partes boas).

Eu? Eu vou ficar bem. Eu sempre vou ficar bem. Tinha certeza disso antes de te conhecer. Essa certeza permanece e independe de você. Ainda estou me acostumando a viver sem as nossas rotinas (juro que eu gostava delas), mas a vida segue seu curso.

Um beijo e fica bem, tá? Posso até não concordar com a tua decisão, mas acima de tudo eu respeito o teu direito de não querer ficar. É o mínimo que posso fazer em nome do que a gente viveu.

P.S.: Você fica linda sorrindo. Sorria sempre!

Ciências Humanas não são senso comum!

No Brasil de hoje, está em curso um preconceito muito grande com relação as Ciências Humanas de uma forma geral, sendo isso relativamente fácil de ser explicado.

Há uma definição na página da UFMG que achei brilhante:

“Em casa, nas ruas, nos ônibus, na escola, no trabalho, no mundo virtual. Em todos os lugares, os seres humanos estabelecem relações entre si, sejam elas de amizade, afeto ou poder. Mas quem é capaz de compreendê-las? As Ciências Humanas procuram ir fundo naquilo que é mais peculiar em nós e talvez, por isso, mais difícil de ser desvendado: a nossa humanidade. Filosofia, Psicologia, Ciências Sociais, História e Pedagogia. Quem escolhe trilhar um desses caminhos deve se desfazer de preconceitos e não se contentar com o óbvio.”

Copiado hoje, no dia 08/05/2019, desta página. O autor do texto é Vinícius Luiz.

O próprio texto já explica o desafio: como essas ciências tratam de fatos do nosso dia-a-dia, é muito fácil para os desavisados acreditar que se trata apenas de senso comum, e por se tratar de senso comum, é algo raso e de fácil compreensão. Grave engano. Gravíssimo!

Vou citar um exemplo da minha área (sou formado em Ciências Econmômicas, que é uma Ciência Humana). Tenho lido com frequência que, para aumentar a arrecadação do governo, é preciso aumentar impostos. Parece algo sensato, não? Diminuir gastos e privilégios completamente desnecessários deveria ser mais óbvio ainda (mas vamos deixar isso para outro post). Então, apresento-vos a Curva de Laffer:

laffer

Essa curva é bem elementar para quem fez o curso de Economia, e basicamente (e de forma bem simplificada) quer dizer que há um ponto ótimo em que a carga tributária arrecada o máximo que é possível sem prejudicar a atividade econômica. Trocando em miúdos, ao contrário do que se pode esperar como leigo, aumentar os impostos pode realmente diminuir a arrecadação do governo, até mesmo ao ponto de não haver arrecadação (e nem produção). Maiores detalhes podem ser encontrados nesta página.

Percebem o dilema? As discussões nas redes sociais, por exemplo, baseiam-se, em sua grande maioria, no senso comum. E como falta ao brasileiro (especialmente!!!) a humildade para perceber que há mais sobre um determinado assunto do que ele consegue perceber, dão-se os embates improdutivos e que só servem para dividir ainda mais a sociedade.

Muitos dizem: “Tales de Mileto não era formado em Filosofia! Aristóteles e Platão também não! Nem Descartes!” Pois é… Mas estes foram mais do que isso: foram as pedras angulares do que conhecemos sobre Filosofia nos dias de hoje. Muito foi contruído em cima do que eles disseram, e para entender essa base de conhecimento e discutir com propriedade é necessário SIM fazer uma faculdade (ou ser um autodidata minimamente sério, sob pena de ser cooptado pelo seu próprio entendimento, pelo senso comum).

Não vou entrar na questão que envolve aqueles que se utilizam da ciência para justificar as suas ideologias. Essa é outra questão completamente fora do que quero cobrir aqui, mas agrava ainda mais a percepção leiga de que não há um mínimo conjunto de regras ou conhecimento sobre o qual os “escolados” se apoiem diante de uma discussão.

Sem mais delongas, espero ter conseguido cumprir o meu objetivo. Fiquem atentos ao que é dito apenas com o intuito de politizar ou minimizar os mais variados campos de conhecimento da humanidade. Não chegamos até onde estamos somente através da Matemática, por exemplo. O bom mesmo é falarmos do que entendemos, reservando a nós mesmos sempre o direito de termos a nossa própria opinião, desde que sejamos capazes de entender as nossas limitações. Para maiores detalhes, sugiro pesquisar sobre Episteme e Doxa.

Comentários? Por favor! 🙂

Diga-me!

Nesse momento, não preciso de metáforas, metonímias, catacreses, perífrases… Quero abundantes hipérboles, pleonasmos e anáforas. Quero que as palavras rasguem meu corpo feito navalhas. Quero que jorrem sangrentas obviedades. Quero purgar a realidade. Quero olhar nos olhos da verdade.

Diga-me! Não importa se nascerão deuses ou demônios! Diga-me!

E ainda que eu vire pó, do pó ascenderei ao céu

Não sei se como vítima, juiz ou réu

Meu coração não sabe ficar ao léo

Diga-me! Antes que uma surdez catastrófica me reclame!

Diga-me! Não espere que eu clame! Diga-me!

Ou não diga… E não direi também.

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