Guarda-me dentro de ti
Porque é só dentro de ti
Que eu (r)ex(s)isto.

Guarda-me dentro de ti
Porque é só dentro de ti
Que eu (r)ex(s)isto.
A saudade bate forte no peito.
Não avisa quando chega,
Mas chega, dizendo que a distância,
Ou mesmo nossa ignorância,
Não são fortes o suficiente para nos separar.
E procuramos no mundo,
Algo que seja forte o bastante,
Para calar nosso desejo,
Nosso amor, nossos beijos,
Nossa dor, nossa solidão.
Mas o amor é implacável,
Invencível, tenaz, inquebrável,
E insiste em dizer, todo os dias,
Nas manhãs enevoadas e vazias,
Nas noites tão frias e baldias,
Como é viver sem nos ter.
Saudade,
Sim! Muita saudade,
De tudo o que fomos,
Pois o que somos,
É pouco, muito pouco,
Quando dizemos que o amor está morto,
Muito antes dele morrer.
O que eu procurava
Em mim já existia
E se transformava em poesia
A todo instante
Um universo inteiro
A lua e o sol
Na vida um crisol
De tudo que é verdadeiro
Vivos e gritantes
Os abraços e os beijos
As paixões e os desejos
As taças que já bebi
Todas as minhas vísceras
As tristezas e os medos
As confissões e os segredos
O amálgama de mim
Era essa a minha loucura
Procurar o que eu já tinha
O que em mim se aninha
O que estou disposto a oferecer
É tudo gratuito
Pois nada tem preço
Porque tudo que ofereço
É porque só sei ser assim.
E pensar que eu só queria
Saber se você me lia
Pois em cada gota de tinta
Estava um pedaço de mim
E pensar que eu só queria
Nas noites tão vazias
Um beijo de boa noite
Um alento para a saudade que há em mim
E pensar que eu só queria
Contar o passar dos dias
Para aquecê-la em meus braços
Para tê-la em mim
E pensar que eu só queria
Que em minha cama vazia
Repousassem seus medos e sonhos
Para que você pudesse vivê-los em mim
E pensar que eu só queria
Ouvir e ser ouvido
Em prosa e poesia
Para fazê-la lembrar de mim
E pensar que eu só queria
O que ainda quero
Nosso amor, nosso marco zero
Laços sem fronteiras
Amor
Puro e retumbante
Amor desconcertante
Sem fim.
Doce
Safado
Penetrante
Molhado
Inesquecível
Beijo
Beijos e mais
Beijos…
Do teus beijos
Não me esqueci.
E chega a sexta-feira
As taças de vinho
A garrafa na mão
Sento-me
Bebo sozinho
Bebo-te até não sobrar
Uma gota que seja de ti
As unhas vermelhas
O elixir tinto
As lembranças que sinto
Os sonhos vivos
Faíscas e centelhas
É involuntário
Fisiologicamente necessário
A gota de vinho
Que escorre pelo meu peito
Tem teu gosto e cheiro…
Não, não há solidão!
Estou contigo
E não, não há perigo…
Sorrio –
Revejo meus lábios no teu umbigo.
Havia uma pequena escada
Bem ali, no meio do nada
E nela sonhos se fizeram sonhos
Não mais só nossos
Mas de quem por lá passava
Era evidente
Contundente
Surpreendente
Deliciosamente nosso…
Teu e meu –
Do universo também! –
Em ínfimas frações de duas vidas inteiras
De tudo aconteceu
Eternizou-se
Perfumou o mundo de alegria
Transformou tudo em flores
Inspirou outros com seus amores
Criou novas cores e sabores
Insuflou até os mais tímidos corações
Cobriu de amor e salvou vidas
Havia uma pequena escada
E para nós ela só mostrava
Como podem ser inesquecíveis
Esses pequenos momentos incríveis
De duas almas completamente enamoradas.
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E aí, duas senhoras de 70 e poucos anos se encontram enquanto estão atravessando a rua. Se abraçam e se beijam exatamente no meio da rua. “Quanto tempo!” Eu estava atravessando junto e prestando atenção na alegria delas. Algo bonito de se ver. Cabelos brancos… A amizade parecia ser antiga e preciosa.
O sinal estava aberto para os carros, mas não havia nenhum por perto. Só que depois do abraço, dos beijos e de uma pequena conversa entre as duas, um ônibus dirigido por um “piloto” surgiu do nada. Sim, o sinal permanecia aberto para os carros e elas estavam bem no meio da rua.
Meio que no reflexo, abraço as duas senhoras (o objetivo não era fazer um ménage) e as puxo para a calçada. Uma delas grita: “Tarado!” O marido de uma delas, que já estava do outro lado da rua (cagou para a esposa), gritou com a bengala em punho: “Fique aí que vou te pegar, seu pervertido!” Aproveitei que havia várias pessoas indo na direção que eu tinha que ir, e feito um bandido, tirei o meu casaco bege para ficar com minha camisa branca e não ser reconhecido. Acelerei o passo e me certifiquei que não estava sendo seguido. “Ufa! Da próxima vez, dou um empurrão ou uma banda ao invés de um abraço.”
Se alguém conhecer essas senhoras, favor explicar que eu só estava querendo salvar a vida delas, ok?
O teu gosto é sem igual
O teu cheiro é sem igual
Os teus beijos
O teu toque
Tudo que me fazes sentir
É sem igual
Lamento apenas que
Também sem igual
Seja a saudade de ficar sem ti.