Eu estive nas entranhas do seu corpo
Quis o destino que nossos sonhos
De carne e osso
Se materializassem
E criassem esse grande colosso
Do que falo?
Repare no seu corpo enquanto falo
Repare no meu corpo enquanto falo
Não é controlável
Não é domável
É selvageria de dar gosto
Como é quando se lembra de mim
E não estou por perto?
Eu sei… Parece loucura
Mas essa sincronicidade
Sem limites
É brutalmente real
Como dentro, assim fora
Assim aflora
Ora lógica difusa
Ora lógica nítida
Ora réu que a todos acusa
No lugar de nossos arquétipos
Desejos e sonhos reais
Manifestação de seres racionais
Que descobriram que o descoberto
Não era suficiente, pelo contrário
Os deixava inquietos, boquiabertos
Deliciosamente incertos
Na busca do que transcende ao eu
E os sublima em nós
Quando estamos a sós
Diante de nós mesmos
Quem é o comandante desta nau?
Entenda… Não há comando
Esse é o desafio
Estamos à mercê do vento
Eufemismo dos nossos pensamentos
Que se revelam em segredo
Quer seja no início do dia
Quer seja no meio da noite
Sabemos como desenrola-se tal enredo
Inapropriadamente perfeitos
Inadvertidamente direitos
Pura e perfeita confissão
Somos tempestade, raio e trovão
Desejo, amor e paixão
Existimos somente na nossa sanidade
Que faz questão absoluta de emergir
Para nos mostrar que nunca
Absolutamente nunca
É tarde para existir.