Flutuando por aí…

Você me deixou sem chão. Não entendi o que aconteceu. Acho que ainda não entendo. Desisti de entender.

Fiquei esperando uma explicação que nunca veio. No fundo, bem no fundo mesmo, eu tinha a esperança de que algo mudasse, de que algo acontecesse. Nada mudou. Nada aconteceu. A esperança morreu, caducou.

Você me deixou sem chão e durante muitos dias eu tive a sensação de que estava caindo, caindo, e caindo… Até que me dei conta de que mesmo sem chão, mesmo caindo, ainda havia o céu, e em um sopro de lucidez, decidi que faria do céu o meu chão.

Para minha surpresa, parei de cair. Comecei a flutuar nas nuvens das possibilidades, do infinito. O sol lambeu meu rosto e secou minhas lágrimas. Abri o sorriso imenso que trago comigo desde menino. Senti o vento tocando os meus cabelos (o mesmo vento que toca os seus cabelos), e disse um último adeus para a vida e para a realidade que não são mais minhas.

Você me deixou sem chão e com isso eu aprendi a olhar para o céu e a sentir o céu em minha vida. Experimente! É uma sensação incrível!

Obrigado por tudo. Pelo bom e pelo ruim. Vou cuidar da minha vida e flutuar por aí. Adeus.

Fecha a conta!

Se há uma cor que nos representa?

Vermelha

 

É sangue

É amor

É paixão

É comichão

 

Sim…

Comi no chão

Comeria onde fosse

Como fosse

Quando fosse

O importante são

Os sabores

Os temperos

Os destemperos

Os exageros

A cor vermelha

Que você me trouxe

 

Bem ou mal passada?

Ao ponto

Vermelha

Para escorrer em mim

Me inundar de prazer

E deixa-la ruborizada

Vermelha

Envergonhada

Da sua explosão

Da nossa depravação

Do puro prazer

 

Não se trata de

Querer ou não querer

Estou com fome

Quero comer você

 

Fecha a conta, garçom!

Ou seremos presos

Por mostrar de verdade

O que é sobre a mesa

 

Vermelha

Nossa cor é

Sempre vermelha

Nossos corações

No ponto

Banquete indecente

Eu e você.

carne-ao-ponto