Litros do corpo dela em minha boca.
Meus joelhos sangrando litros rente ao chão.

Litros do corpo dela em minha boca.
Meus joelhos sangrando litros rente ao chão.
Longe das palavras,
Longe das poesias,
Senti na minha boca
O cheiro
Que somente a ti
Pertencia.
Não me dei conta
Naquele momento,
Naquele lugar,
Que as águas
Que eu estava
A navegar
Eram de fato
De outra fantasia.
Até que ela me perguntou
Se dela eu no futuro
Me lembraria,
E foi aí que me lembrei
De que para ti
Também disse
Que não me esqueceria.
E na inocente sinceridade
Que a ti eu devia
Calei a sua boca
Como pude
Sem qualquer pudor,
Inibição,
Ou hipocrisia.
Talvez eu a ela
Ainda responda
Não hoje –
Defintivamente não hoje –
Posto que o seu mel
Da minha boca
Ainda escorria
Quando fui-me embora
Prometendo voltar
Amanhã
Ou qualquer outro dia.
Entre o esquecer
E o lembrar,
Minha boca
Permaneceu calada,
Mas chocou-me
Não ser mais teu
O cheiro que
Inebriava minha alma
E somente de ti
Verdadeiramente resplandecia.
Não me esqueci do nosso último beijo.
Não me esqueci dos nossos beijos.
Não me esqueci de você.
Procuro-o e não o acho
Em outras bocas que sentem
Que não sei o que estou fazendo ali.
Não era a mecânica:
Era a foda no beijo
Ou o beijo que virava foda
Não sei…
Acho que ninguém sabe.
Só sei que toda vez que penso em beijo –
Nos meus sonhos eu ainda te beijo –
Na minha boca só cabe você.
As pernas dela
Sempre cruzadas
Pura classe
Doce elegância
Que não respeito
Em pensamentos
Em momentos
Vejo me ali
Nas pernas
Entre elas
Percebido
Acolhido
Recebido
Molhado
Vivo
As palavras
Soam como fogo
As reticências
Me torturam
Já não sei
E por isso aceito
A falta do leito
Dos doces peitos
Das pernas
Dela
Só ela
Quem me dera
Fossem só as pernas
Quem me dera
Escutar entre elas
O que há de ser de nós
E ouvir a resposta
A mesa posta
O afinal
Lambuze-me.
O teu cheiro era bem mais que teu perfume, que ficava entranhado nas minhas roupas e em todo o meu corpo.
O teu cheiro perfumava o meu quarto, a minha roupa de cama, as minhas toalhas, o meu colchão.
O teu cheiro ficou no meu carro e vai passear e trabalhar comigo.
O teu cheiro era a certeza de que eu tinha encontrado a minha fêmea.
O teu cheiro era como nenhum outro.
E teu cheiro passou a ser o meu cheiro.
E hoje, ainda que distantes, eu te exalo pelos meus poros.
O teu cheiro foi o amor que ficou em mim.
Este que fazes sem forçar
Que é tímido e discreto
Obsceno e direto
Misterioso e incerto
Um miríade de convites
Todos eles a me torturar
Cabelos que cobrem
O que precisa ser descoberto
Lábios que explodem
Que fascinam por completo
Presença que avassala
Água cristalina no deserto
E nesse meu sonho que tu és
Que vem, que vai
Devoro teus mistérios
Na certeza de que muitos são
Pois na tua pele eu encontro
Todos os meus desejos mais ébrios
O que pretendes?
Onde estás?
Para onde vais?
Talvez assim eu te encontre
Quer seja por mero acaso
Ou por seguir teu cheiro
Desejo-te
E meu desejo é mais que verdadeiro
Posto que tu és um universo inteiro
A gente não procura
Mas ainda assim acha
E quando acha
Quer escapar
Tenta escapar
Até que chega ao ponto
De fingir
Que quer escapar
E acaba por se entregar
Como se não houvesse amanhã
(sempre há!)
E reclama!
Se culpa!
Fala que foi só um tropeço
Que nunca mais se repetirá
Mas a imagem está clara
O cheiro
O gosto
A quentura
O desejo
Tudo leva de volta para lá
E finalmente percebe
Com o passar dos dias –
Quanta agonia! –
Aos trancos e barrancos
No riso e no pranto
Que não dá para largar de vez
O café
E quando não é o café
É o amor
Que sem licença chega
E diz que é.
A maior doçura do mel se sente com os ouvidos
Mel…
Mel…
Mel…
Mel aqui…
Mela aqui…
Doçura em favos
De carne e osso.
Lembro-me da luz do sol
Invadindo nosso quarto
Por entre a cortina
Iluminando teu corpo nu
Lembro-me do meu corpo
Suado, também nu
Ainda ofegante
No mais completo e extravagante êxtase
Nosso cheiro embolado no ar
Roupa de cama molhada
Evidências incontestáveis
De fatos concretos, consumados
Teus cabelos bagunçados
Tuas pernas torneadas e meladas
Rios que de ti escorriam
Águas que criaste e levaste de mim
Lembro de te puxar-te pelos braços
Jogar-te de volta na cama
Provar novamente os nossos gostos
O mais puro e selvagem absinto
Lembro-me de visitar-te por dentro
Do céu da boca e de todos os outros lugares
E de novos rios intermináveis
Jorrando sobre nossos corpos lisos
Mas de tudo isso
Lembro-me ainda mais
Da delícia que é ser teu homem
E da delícia que é tu seres a minha mulher.