Há quem fale dos próprios erros,
Como se fossem dos outros,
Causados por outros,
Tal como se fossem vítimas
De uma trama
Que nunca sucedeu.
Já os meus erros,
Sob juramento, confesso:
Sou a eles apegado,
E são todos meus.

Há quem fale dos próprios erros,
Como se fossem dos outros,
Causados por outros,
Tal como se fossem vítimas
De uma trama
Que nunca sucedeu.
Já os meus erros,
Sob juramento, confesso:
Sou a eles apegado,
E são todos meus.
De joelhos
Minha fraqueza
Meu cansaço
Eu confesso
E rogo por perdão
Do amor em mim
Sempre manifesto
E que agora
Faz tremer
Meu coração
Que deságua
Em sangue
De meus olhos
Funestos
Eis-me aqui
Ao léo
Diante deste
Tenebroso
E assombroso
Céu
Firmamento?
Puro tormento
Cilício da alma
Cruz do que sou
Não há nada
Por inteiro
Todo sangue
De mim
Já jorrou
E que essa dor
Seja cura
Para meu corpo
Ante a súplica
Que dessa carcaça
Emudecida
E apodrecida
Ainda ferozmente
Urra
E que o amor –
Ora carrasco
Ora salvador –
Purifique a alma
E traga-me a calma
Para acreditar
Ser concebível
Ainda que impossível
Amar sem sentir
Ou sem ser
Pura
E infinita
Dor.