Litros do corpo dela em minha boca.
Meus joelhos sangrando litros rente ao chão.

Litros do corpo dela em minha boca.
Meus joelhos sangrando litros rente ao chão.
Há um poema
Entre tuas pernas
Que foi escrito
Com minha língua
Há um poema
Em tua face
Que foi escrito
Com tua caligrafia
Há partes que não cabem
Há partes que não entram
Cheiros e gostos rimados
Por fora e por dentro
Nestes saraus devassos
Nossa história escrevemos
Lirismo que não se cala
Que ou grita ou está gemendo.
Há noites em que você me chama
E o fogo que arde em seu corpo
Em sua cama
Queira você ou não
Chega até mim
Já respiramos um dentro do outro
Não há limites
Nada de esquisitices
Amor visceral
Que de nós flui
E que nos faz sorrir
E outras coisas mais
Confesso que sinto sua falta
Do seu perfume
Do seu hálito com alucinante
De todos os nossos cheiros
De todos os nossos gostos
Que valem mais que diamantes
Que fluem –
E como fluem! –
E nos afogam
Morremos em nossos braços
Por alguns instantes.
Aliás, você não é mais uma
E por mais tenham existido algumas –
Meu passado eu não renego –
Você é e desde sempre foi
A única de qual não quero
Jamais me despedir
No máximo –
Que fique perfeitamente claro –
Quero com você me despir.
Deixa eu te contar…
Fui embora querendo ficar
Queria voltar
Sei lá!
Cismei com essa coisa de te amar
Não largo mais o celular
Que grita
Apita
Crepita
Explicita
Esse vício que virou te amar
Mas não é só no celular…
É no corpo
No coração apertado
Nos olhos vidrados
No discurso emocionado
No tesão reprimido
Boca, pescoço
Nuca e ouvidos
Não se trata de castigo
É só essa mania de te amar
Amo
Já aceitei essa parte
Amo
Já aceitei essa parte!
Sendo coisa, vício ou mania
Se reafirma como poesia
Inspira
Desvela fantasias
No teu amor encontrei alforria
Mas no fundo ainda sou escravo
E ainda assim descarto qualquer agravo
Posto que não quero mais minha alma vazia.
Máscaras…
Já não te valem mais nada
Caíram
Despedaçaram-se
Simplesmente sumiram
Vi teus olhos marejados
Na despedida
As gargalhas desmedidas
Abundantes fagulhas e centelhas de vida
O teu olhar de admiração
Que fez tua alma ficar despida
Teu corpo contraindo-se em turbilhão
Enquanto repousas em mim, exaurida
Foram-se todas as máscaras
Mas tu não podes
E nem queres ir mais:
De que adianta ires só de corpo
E tua alma ficar para trás?
E quanto as minhas máscaras
Como bem sabes
Nunca as tive:
Na presença ou na ausência
No sorriso ou no pranto
O amor por ti eternamente reside.
Noite misteriosa
Sem brilho
Jocosa
Que chuta cachorro morto
Até não haver mais corpo
Para um funeral digno
Noite traiçoeira
Sinuosa serpente
Sorrateira
Que inocula seu veneno
Que deixa o corpo fervendo
E parte! Sem se despedir
Noite chuvosa
Propositalmente onírica
Lírica
Jorrando em borbotões
Tira o ar de meus pulmões
E me afoga em minha teimosia
Noite inesquecível
Deliciosa gastura
Loucura!
Mas se tiver que ser
Render-se-á o alvorecer
A esta carestia mundana.
Há mel em seus lábios
Teu corpo inteiro em chamas
Cheiros e gostos incomuns
Especiarias que em mim derramas
De onde vem esta loucura
Que nos fulmina na cama
Só para ressurgir instantes depois
Ainda mais colossal e insana?
Acho melhor nem tentar entender
Já se tornou repetitivo
O nosso agora ao futuro pertence
Somos eterno aperitivo
E se tu tentares resistir
Deixo-te logo este aviso
Sim, sempre fazemos amor
Mas fodo teu corpo, tua alma e teu juízo.
De joelhos
Minha fraqueza
Meu cansaço
Eu confesso
E rogo por perdão
Do amor em mim
Sempre manifesto
E que agora
Faz tremer
Meu coração
Que deságua
Em sangue
De meus olhos
Funestos
Eis-me aqui
Ao léo
Diante deste
Tenebroso
E assombroso
Céu
Firmamento?
Puro tormento
Cilício da alma
Cruz do que sou
Não há nada
Por inteiro
Todo sangue
De mim
Já jorrou
E que essa dor
Seja cura
Para meu corpo
Ante a súplica
Que dessa carcaça
Emudecida
E apodrecida
Ainda ferozmente
Urra
E que o amor –
Ora carrasco
Ora salvador –
Purifique a alma
E traga-me a calma
Para acreditar
Ser concebível
Ainda que impossível
Amar sem sentir
Ou sem ser
Pura
E infinita
Dor.
Um belo vestido
Uma bela festa
A melhor bebida
A melhor comida
Um coração rouco
De tanto gritar por socorro
Um coração morto
Apesar de ainda vivo
Esconda-se no perfume, na maquilagem
No sorriso plástico, no corpo perfeito
Esconda-se, não deixe que eu ache
Para que se desnude sem rodeios
E por fim, quando o cansaço chegar
Sozinha ou acompanhada
Em todo e qualquer lugar
Um nome e um amor que consome
Que chegou sem pressa e sem avisar
E sem permissão ou consentimento
Decidiu que vai ficar.
Nesse momento, não preciso de metáforas, metonímias, catacreses, perífrases… Quero abundantes hipérboles, pleonasmos e anáforas. Quero que as palavras rasguem meu corpo feito navalhas. Quero que jorrem sangrentas obviedades. Quero purgar a realidade. Quero olhar nos olhos da verdade.
Diga-me! Não importa se nascerão deuses ou demônios! Diga-me!
E ainda que eu vire pó, do pó ascenderei ao céu
Não sei se como vítima, juiz ou réu
Meu coração não sabe ficar ao léo
Diga-me! Antes que uma surdez catastrófica me reclame!
Diga-me! Não espere que eu clame! Diga-me!
Ou não diga… E não direi também.