Noite

Noite misteriosa

Sem brilho

Jocosa

Que chuta cachorro morto

Até não haver mais corpo

Para um funeral digno

 

Noite traiçoeira

Sinuosa serpente

Sorrateira

Que inocula seu veneno

Que deixa o corpo fervendo

E parte! Sem se despedir

 

Noite chuvosa

Propositalmente onírica

Lírica

Jorrando em borbotões

Tira o ar de meus pulmões

E me afoga em minha teimosia

 

Noite inesquecível

Deliciosa gastura

Loucura!

Mas se tiver que ser

Render-se-á o alvorecer

A esta carestia mundana.

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Madurando

Espera

Espreita

Que o momento certo

Ronda por perto

 

A fruta pode até ser dura

Mas se torna convite quando está madura

 

E quando for o momento da colheita

Será intensa a sua doçura

E como nunca se viu tão segura

Abrir-se-á por inteiro

Polpa farta, deleitosa, viciante

Liberdade, enfim, desta clausura.