Noite

Noite misteriosa

Sem brilho

Jocosa

Que chuta cachorro morto

Até não haver mais corpo

Para um funeral digno

 

Noite traiçoeira

Sinuosa serpente

Sorrateira

Que inocula seu veneno

Que deixa o corpo fervendo

E parte! Sem se despedir

 

Noite chuvosa

Propositalmente onírica

Lírica

Jorrando em borbotões

Tira o ar de meus pulmões

E me afoga em minha teimosia

 

Noite inesquecível

Deliciosa gastura

Loucura!

Mas se tiver que ser

Render-se-á o alvorecer

A esta carestia mundana.

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Oito horas e trinta minutos

Tempo suficiente para dormir

Para acordar

Para ver

Para crer

E desacreditar

 

Tempo suficiente para tentar

Para desistir

Para esquecer

Para lembrar

E disfarçar

 

Tempo suficiente para pedir

Para implorar

Para entristecer

Para não chorar

E praguejar

 

Tempo suficiente para antecipar

Para retardar

Para pedir

Para despedir

E não ficar

 

Oito horas

E trinta minutos

Nem mais um segundo

São tempo mais do que suficiente

Para a espera de um coração que quer parar

Para não morrer de amor.

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