Sou um cara do bem. Se você deixar claro para mim que não me quer por perto, eu nao estarei por perto. Não vou forçar a barra. Simples assim.
Talvez eu esbarre em você pela rua ou clique em algo que eu nao deveria clicar na Internet. Faz parte. Não foi por querer. Talvez tenha sido um acidente, curiosidade, obra do destino, ou algo assim. Acontece. Talvez aconteça mais de uma vez. Não sei.
Não crie expectativas tendo como base estes pontos fora da curva. Se você me conhece pelo menos um pouco, sabe o que penso da vida e que sempre acreditei que o único caminho possivel entre duas pessoas é uma reta, ou seja, um diálogo aberto e franco. Nada de estratagemas. Não os uso.
Siga e seu caminho e releve estas bobagens. O que quer que eu tinha para falar para você, com certeza eu já falei (a menos que você tenha se negado a me ouvir, e aí eu não posso fazer nada). Caso tenha algo a me dizer, entretanto, aí já é outra questão. Neste caso, serei educado e todo ouvidos como sempre fui.
Não será você quem determinará a minha maneira de agir. Eu sou sempre assim. Você me conhece e sabe diso. O nome disso não é maturidade; é sanidade. Sob toda e qualquer circunstância, a vida continua.
“Eu sou responsável pelo que eu falo, não pelo que você entende.”
Já vi esta frase ser mencionada em todos os contextos possíveis (relação pessoais e profissionais), e minha reação sempre foi de questionar se as pessoas estão se dando conta do seu real significado.
Por que uma pessoa fala com a outra? Para passar uma mensagem. Ainda que seja uma ordem ou um comando, continua sendo uma mensagem. E sendo uma mensagem, precisa ser entendida ou mesmo decodificada pelo receptor da mesma. E isso nos leva ao conceito de comunicação.
“A comunicação (do latim communicatio.onis,[1] que significa “ação de participar”) é um processo que envolve a troca de informações entre dois ou mais interlocutores por meio de signos e regras semióticas mutuamente entendíveis. Trata-se de um processo social primário,[2] que permite criar e interpretar mensagens que provocam uma resposta.[3]” – Fonte: Wikipedia
Logo, se eu me preocupo apenas com o que eu falo e não com o entendimento do outro sobre o que eu falo, eu não estou me comunicando! É tão simples quanto isso. Vou usar alguns exemplos para ilustrar o meu ponto.
1 – Dinâmica de grupo – Participei de um “telefone sem fio” em um ambiente empresarial logo no início de minha carreira. O objetivo era que o primeiro de um grupo de 30 pessoas dissesse em segredo uma frase para segundo, que por sua vez diria a frase em segredo para o terceiro (e assim sucessivamente), até que a frase chegasse até o trigésimo participante. A frase deveria chegar até o último participante transmitindo pelo menos a mesma mensagem (não necessariamente utilizando as mesmas palavras). O resultado? O sujeito da frase, que era um cachorro, não chegou até o trigésimo participante. A frase que chegou para a última pessoa era sobre uma casa!
2 – “Se Deus quiser” – Tive a oportunidade de trabalhar com diversas culturas. No mundo ocidental, mais ainda no Brasil, a frase mais quase como uma torcida para que uma determinada coisa aconteça. Exemplo: “Se Deus quiser, vou passar na prova.” A pessoa se sente no direito de falar isso mesmo sem ter aberto um livro sequer. Já no Oriente Médio, significa que a coisa só não vai acontecer se Deus não permitir. Quando se diz Insha’Allah (se Deus quiser em árabe), a lógica por detrás é de que tudo que for possível no mundo material será feito, restando a Deus a palavra final, o direito ao veto. Portanto, duas pessoas falando “se Deus quiser” podem estar dizendo duas coisas completamente diferentes.
Percebem o tamanho do problema? Acrescentem a isso a linguagem corporal, o tom da voz, a janela de oportunidade (tempo), a predisposição da pessoa para conversar, o estado emocional e até mesmo o ambiente onde a conversa ocorre, e temos uma série de variáveis que podem gerar ruído na comunicação, tornando-a ineficaz e até mesmo contraproducente.
Nem de longe quero escrever um tratado sobre comunicação, mas acho importante chamar a atenção para o assunto. Em tempos em que as pessoas se comunicam cada vez de maneira mais assíncrona (mensagens de WhatsApp, por exemplo), garantir que as conversas sejam produtivas é algo ainda mais desafiador.
Portanto, para quem quer se comunicar adequadamente, a frase que mencionei no início do texto deve ser esquecida ou refeita. A frase, na minha opinião, deveria ser algo como:
“Eu sou responsável pelo que eu falo e também pelo que você entende.”
Concordou? Não concordou? Os comentários estão abertos e eles são sempre muito bem-vindos.
Eu disse de todas as formas possíveis, em atitudes e palavras, em prosa e verso. Eu disse de todas as formas que eu sabia, de todas as formas que eu sentia, de todas as formas que eu podia e conseguia dizer.
Eu era disco arranhado em 33, 45 e 78 RPMs que só tocava uma única música, e essa música era você.
Eu disse inúmeras vezes e inúmeras vezes mais eu diria, porque dizer me deixava feliz, me fazia bem.
É certo que não fui perfeito, porque sou imperfeito. Mas sempre fui íntegro, genuíno, e nada do que eu disse jamais foi invenção ou exagero. Eu disse o que o meu coração quis dizer, porque ele sempre foi soberano ao seu lado. Dele, eu era só um pau-mandado.
E hoje, eu nada mais posso dizer. Curiosamente, as paredes com as quais nunca falei são minhas testemunhas. Testemunhas mexeriqueiras, alheias às areias do tempo.
Tudo que eu tinha para dizer, eu disse. Só não disse, porque disso só soube agora, que parece não ter fim a vontade de dizer. Dizer ainda é um ato de existência.