Espatifou-se

Meu amor hoje são cacos

De um coração

Que espatifou-se

Enquanto procurava

Alguma explicação –

Ainda que mentirosa –

Para tal situação

 

Entregou-se

Dedicou-se

Declarou-se

Perdeu-se

Calou-se

E como era prolixo

Talvez visto como lixo

Cansou-se

Espatifou-se

 

E ainda há quem reclame dos cacos

“Por que não fostes te matar

Em outro lugar?”

Peço desculpas

Não era essa intenção

Era só um coração

Que como eu bem disse

Espatifou-se

 

Não haverá sepultamento

Missa de corpo presente

Porque dele mesmo

Já estava ausente

Discrente

Doente

E mesmo sem querer

Foi-se

Dessa para melhor

Espatifou-se

 

A ironia

É que ressuscitou

Ao terceiro dia!

Coração lazarento

Fez dos cacos poesia

Espatifou-se

Mas voltou mais doce

Como se nunca tivesse

Morrido um dia.

frase-quando-a-dor-cortante-o-coracao-maltrata-e-tristes-gemidos-ferem-nossa-alma-apenas-a-musica-e-william-shakespeare-115905

Abusado e insolente

Teu segredo

Se revelou de forma veemente

Quando gritou o teu coração

E tentou ignora-lo a tua mente

 

Não seria de mais valor

Ou talvez mais prudente

Deixares de fingir que é dor

O amor que deveras sente?

 

Ah! O amor…

Essa coisa insistente

Que não pede por favor

E que torna o completo carente!

 

Ah! O amor…

Do qual tu foges bravamente

Mesmo sabendo que não há vida

Quando parte de ti está ausente

 

Ah! O amor…

Não, não estás doente

Já que és tão racional

Que reconheças: estás impotente!

 

Ah! O amor…

Que te rendas a este insistente

Que subjuga-te a seus caprichos

Não se trata de mero acidente

 

E que fique claro que sua existência

Não depende do teu aceite

O amor é o amor

Abusado e insolente.

ta1