Guarda-me dentro de ti
Porque é só dentro de ti
Que eu (r)ex(s)isto.

Guarda-me dentro de ti
Porque é só dentro de ti
Que eu (r)ex(s)isto.
Há inocência nas palavras do poeta.
Há projeções.
Há idealizações.
Há fantasias.
Há idiossincrasias.
Há crenças.
Há fé.
Há verdades que o tempo se encarrega de mostrar
Que não possuem lastro algum na realidade.
E nesse processo, algumas poesias se apagam,
Outras tantas se perdem,
E o poeta se sente um bobo,
Um contador de histórias ridículas,
Um louco,
Um palhaço de circo
Cercado por hienas famintas.
A plateia dele ri e debocha.
Caçoa-o de forma vil,
Torcendo pela sua morte,
Mal sabendo que é na morte, –
Mais uma entre tantas mortes –
No meio do escárnio e do suplício,
É que o poeta encontra a sua redenção,
Retomando a sua forma mais sublime.
Há inocência nas palavras do poeta,
Posto que a inocência é o seu líquor, sua essência,
De forma que ele apenas lamenta
Por quem em suas palavras
Nada dele viu ou a ele sentiu,
Fustigando o poeta pela sua própria existência.
Eu não disse para as paredes. Eu disse para você.
Eu disse de todas as formas possíveis, em atitudes e palavras, em prosa e verso. Eu disse de todas as formas que eu sabia, de todas as formas que eu sentia, de todas as formas que eu podia e conseguia dizer.
Eu era disco arranhado em 33, 45 e 78 RPMs que só tocava uma única música, e essa música era você.
Eu disse inúmeras vezes e inúmeras vezes mais eu diria, porque dizer me deixava feliz, me fazia bem.
É certo que não fui perfeito, porque sou imperfeito. Mas sempre fui íntegro, genuíno, e nada do que eu disse jamais foi invenção ou exagero. Eu disse o que o meu coração quis dizer, porque ele sempre foi soberano ao seu lado. Dele, eu era só um pau-mandado.
E hoje, eu nada mais posso dizer. Curiosamente, as paredes com as quais nunca falei são minhas testemunhas. Testemunhas mexeriqueiras, alheias às areias do tempo.
Tudo que eu tinha para dizer, eu disse. Só não disse, porque disso só soube agora, que parece não ter fim a vontade de dizer. Dizer ainda é um ato de existência.
A Lua acende a noite
E eu em busca de respostas
Para perguntas que eu nunca fiz
Sinto saudades de algo novo
Diferente de tudo que já vivi
E que não se acabe na melancolia
De uma sofrida taça de vinho
Sinto-me vivo
Muito, muito vivo
E vazio, inteiramente vazio
Lembrando-me do que eu nunca fui
Mas também sei
Que é justamente nesses momentos taciturnos
Enquanto bebo água do fundo do poço
É que vou reinventar o meu existir
E nem é tão ruim assim…
A dor é amiga e companheira
É fim e também o início
De tudo que ainda está por vir
A Lua acende a noite
E a Lua está linda…
Como antes eu nunca a vi.
Que a saudade não seja dor
Mas uma celebração do privilégio
Da vida permitir que exista em mim
Pedaços generosos da sua existência
Que as lembranças sejam bálsamo
Para um coração para lá de agradecido
Por ter com você compartilhado e vivido
Momentos absolutamente inesquecíveis
Que ausência se torne presença
Mesmo com o muito que já está em mim
Lamento, mas eu sou assim
Não abro mão de quem eu amo
E que o universo conspire
Para que todos os meus restantes dias
Sejam de felicidade e alegria
Quer seja na saudade ou na presença esfuziantes.
Teu segredo
Se revelou de forma veemente
Quando gritou o teu coração
E tentou ignora-lo a tua mente
Não seria de mais valor
Ou talvez mais prudente
Deixares de fingir que é dor
O amor que deveras sente?
Ah! O amor…
Essa coisa insistente
Que não pede por favor
E que torna o completo carente!
Ah! O amor…
Do qual tu foges bravamente
Mesmo sabendo que não há vida
Quando parte de ti está ausente
Ah! O amor…
Não, não estás doente
Já que és tão racional
Que reconheças: estás impotente!
Ah! O amor…
Que te rendas a este insistente
Que subjuga-te a seus caprichos
Não se trata de mero acidente
E que fique claro que sua existência
Não depende do teu aceite
O amor é o amor
Abusado e insolente.