Vim trazer verdades 18

– Nossa… Você me enlouquece, me deixa sem ar… Fico até com a sensação de que vou desmaiar… Nunca senti as coisas que sinto com você… Pode estar certo disso!

Qualquer homem com um mínimo de experiência ouve essas frases com cautela. Podem ser ditas apenas para deixar o homem feliz. Por outro lado, fazer amor é muito mais do que uma coisa carnal. Quando há amor, carinho, confiança, cumplicidade, intimidade, entrega e coisas do tipo, a coisa toda acontece em outro patamar. E sim, eu também sentia o que ela sentia, e achava tudo entre nós muito natural diante do amor que sentíamos um pelo outro.

Como era muito frequente ouvi-la dizer essas coisas (todas as vezes), um dia eu resolvi falar mais sobre o assunto.

– Da maneira que você fala, parece até que tenho algum tipo de super poder. Não tenho. E te digo mais… Tudo que acontece entre a gente, que de fato é maravilhoso, é algo só nosso, que já existia em você, que já existia em mim. O amor que sentimos um pelo outro faz as coisas acontecerem dessa forma.

– Mas se já existia, por que demorou tanto tempo na minha vida para eu sentir algo assim? Nunca senti nada nem perto disso… Tudo é novidade… Tenho vontade de fazer coisas que nunca pensei que fosse fazer nada vida…

– Eu acredito – retruquei – até porque eu também sinto isso. Sinto exatamente a mesma coisa. Aliás, andei pensando sobre esse assunto esses dias e encontrei a resposta. De nada adianta um homem ter uma Ferrari se não souber como pilota-la.

– Não entendi… O que você quer dizer com isso? – ela era pura curiosidade ao fazer essa pergunta. Chegou a se afastar de mim e a me encarar para fazê-la.

– Você é uma Ferrari. Só faltava encontrar o piloto certo.

Ela me encarou por alguns segundos, e me beijou profundamente. E mais uma vez, foi tudo como nunca, como era sempre entre a gente.

Ferrari

Não se ensina alguém a dirigir em uma Ferrari. De forma análoga, o universo só nos apresenta algo novo e melhor quando estamos preparados para isso. Portanto, é fato que durante nossas vidas, sobretudo na medida em que alcançamos um nível de consciência mais elevado, só conheceremos sensações e sentimentos mais profundos e sublimes depois de gradativas e contínuas experiências, que podem durar dias ou anos. Vai depender do aluno. Vai depender da experiência.

Não há, entretanto, como se falar que o passado não prestou ou não nos serviu. Somos o produto de nossas história, de erros e acertos, que nos levaram a ser o que somos hoje. E se hoje estamos em um nível de consciência mais elevado, é natural que experiências mais adequadas e propícias apareçam.

Dirigir uma Ferrari pode dar medo. É natural. Há muito o que se aprender antes de se ter domínio sobre esta maravilha. Entretanto, como seria se não tivessemos medo? Como seria se nos achassemos completamente aptos a guiar a Ferrari da mesma forma que guiamos um Gol 1000? Sem dúvida alguma, seria o fim da linha. Nos acabaríamos na primeira curva, sendo o carro bom ou não. Estragaríamos uma oportunidade única por não estarmos preparados para ela.

E nessa analogia tosca, por pura falta de alguma idéia melhor, é chave entendermos que o passado, ou seja, nossas experiência anteriores, bem como o medo, tem papel fundamental em nossas vidas. Sem eles, seríamos loucos suicidas. Simples assim.

Que fique claro, entretanto, que nem o nosso passado e nem nosso medo devem ser vistos como limitadores do que podemos e queremos ser. Ter a oportunidade e não aproveita-la é como dizer não para o universo de infinitas possibilidades que se apresenta que se apresenta quando estamos prontos. É como reconhecer que há de fato algo melhor e maior reservado, mas que será sumariamente ignorado, quer seja por capricho, por costume, ou por qualquer outro motivo menos nobre.

Quando a Ferrari aparecer na sua vida, encare-a, sinta-a. Abandone sua zona de conforto. Ela limita por completo a sua capacidade de ser feliz. Não desperdice suas chances.

Se beber, não dirija.

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