Quando sorrimos para Deus, Deus nos sorri de volta.

Quando sorrimos para Deus, Deus nos sorri de volta.
Pode apagar a minha fotografia,
Mas eu estou dentro e entro em você
Dia após dia,
Nesta saudade que não silencia.
Considero uma das poesias mais bonitas que eu já escrevi. Gosto muito, muito desses versos.
Anteparo
Parece que cresce
Que remexe, que tece
Que cria raízes
Mas é fotografia
De álbum antigo
De melancolia
Só que é tão presente
Que quando ausente
Não deixa nem respirar
E quando presente
Faz o não coerente
Para a razão se ausentar
Talvez seja eterno
O jeito mais que doce
De não falar de amor
De um amor tão calado,
Que berra pecados,
Que urra e canta…
A beleza de amar
O que o torpe destino
Não quis coroar
Pois nem coroa apresenta
E seu cetro só ostenta
Lágrimas de um trovador
E nesse império
De luxúria e mistério
Rego com lágrimas o que plantei
Um sopro de vida
Uma divina rotina
De carinhos não meus
Quem sabe outra chance
Outro dia, outro lance,
Com a sorte desnuda
Feito meu peito rasgado
Pelos lábios molhados
Que eu afirmo: são meus.
Que sirva de aviso –
Não há prejuízo
Em amar até morrer
Pois até no desamparo
O amor é o anteparo
Dos males do eu.
Sentar ao meu lado
Que eu saiba
Nunca foi pecado
Para falar de poesia
De fotografia
Da vida
Do dia-a-dia
Ou para ficarmos calados
Nunca nos faltou assunto
Nunca
E mesmo assim esse silêncio
Essa distância
Essa falta de abundância
Do básico
Algo quase afásico
Algo que não é nosso
Essa coisa, esse troço
Nunca foi assim
Ainda me flagro
Conversando com seu cheiro
Com seu toque
E acredite…
Quando me toca
Ainda sinto aquele choque
É como se fosse ontem…
É como se fosse…
É como se não tivesse fim
E nada há de apagar
O que foi sentido
O que foi falado
O que foi ouvido
O que foi feito e desfeito
Com a sensação platônica
Do mais que perfeito
Não é pretério
Ou finada
A falta que trago em meu peito
Como se fosse ontem…
Como se fosse…
E se fosse, seria
Mais do que já é
Mais do que sempre
Renascida
Sobrevivida
A cada sol poente.
Seria, talvez, só atração
E virou milhões de beijos
Abriu portas para todos os desejos
Presságios do porvir.
Seria, talvez, algo morno
E virou uma arrebatadora paixão
Corpos em perfeita harmonização
Calor suficiente para os fundir.
Seria, talvez, só isso
E virou um grande amor
Encontro de almas arrebatador
Capaz de todo mal coibir.
Seria, talvez, algo temporário
E virou apoteótico casamento
Já não dependem da direção do vento
Para saberem para onde devem ir.
“E para que a foto, meu bem?”
“É para que no futuro,
Quando estivermos confusos,
Em cima do muro,
Sempre nos lembremos
Do que nos trouxe até aqui.”
P.S.: Não conheço nem a Gabriela e nem o Felipe (o casal da foto), mas conheço a minha prima Carol Ottolini, autora dessa e de muitas outras fotos. Nem gosto de chama-la de fotógrafa profissional… Ela é mais que isso. Prefiro chama-la de artista. E o que ela capta pelas suas lentes, de fato se eterniza.
Tudo de bom para a Gabriela e o Felipe!!!