As horas avançam
E a necessidade encrustrada desperta
E revela planos
Tramóias e enganos
Verdades incompletas
Que não escondem
A porta que deixas aberta
Em teu peito
Durante a noite
Onde me escondo
Deliciosas descobertas
E no teu sussurro desconexo
No teu gemido que sai rouco
Nas marcas que deixas em meu corpo
No teu vigor que me deixa louco
Entrego-me
Renego-me
Nossa unicidade plena
Não é doxa ou paradoxa
É teorema
E nessas sessões de tortura consensual
Reciprocidade arreganhada
Desavergonhada
Toques e retoques
Tudo pleonasticamente abissal
Fazemos-nos homem e mulher
E que seja feito o que o universo quiser
Desse fogo que nos rasga
Nos assa e amassa
Enquanto nos comemos à colher
E a manhã que chega úmida
Fronhas e lençóis
Que escorrem
E que nos fazem lembrar
Que não há melhor prazer na vida
Que por a roupa de cama para lavar.