Litros do corpo dela em minha boca.
Meus joelhos sangrando litros rente ao chão.

Litros do corpo dela em minha boca.
Meus joelhos sangrando litros rente ao chão.
Não me esqueci do nosso último beijo.
Não me esqueci dos nossos beijos.
Não me esqueci de você.
Procuro-o e não o acho
Em outras bocas que sentem
Que não sei o que estou fazendo ali.
Não era a mecânica:
Era a foda no beijo
Ou o beijo que virava foda
Não sei…
Acho que ninguém sabe.
Só sei que toda vez que penso em beijo –
Nos meus sonhos eu ainda te beijo –
Na minha boca só cabe você.
As pernas dela
Sempre cruzadas
Pura classe
Doce elegância
Que não respeito
Em pensamentos
Em momentos
Vejo me ali
Nas pernas
Entre elas
Percebido
Acolhido
Recebido
Molhado
Vivo
As palavras
Soam como fogo
As reticências
Me torturam
Já não sei
E por isso aceito
A falta do leito
Dos doces peitos
Das pernas
Dela
Só ela
Quem me dera
Fossem só as pernas
Quem me dera
Escutar entre elas
O que há de ser de nós
E ouvir a resposta
A mesa posta
O afinal
Lambuze-me.
Em 2001 ou 2002 (não lembro ao certo), eu alugava uma vaga de garagem que pertencia a Associação Brasileira de Sommeliers. A vaga ficava no mesmo edifício comercial em que eu trabalhava, e como a empresa para a qual eu trabalhava pagava o aluguel, melhor impossível.
Pelo menos uma vez por mês eu tinha que ir até a sala da ABS para pagar o aluguel e depois pedir o reembolso. Numa dessas, me deparei com um coquetel. Como eu estava de terno, parecia um convidado, mas na realidade eu só estava mesmo é cansado e louco para chegar em casa.
Após efetuar o pagamento, um senhor muito educado que eu não conhecia se aproximou de mim com uma taça de vinho, me oferecendo. Eu disse que estava de estômago vazio (não bebo de estômago vazio), e ele me ofereceu uns canapés. Aceitei. Bem gostosos por sinal.
Conversamos não lembro sobre o que, e ele insistiu para que eu provasse o tal vinho. Provei. Sabe quando você acha algo uma bosta? Pois bem… Ele me perguntou o que eu tinha achado, e eu gentilmente disse que não era exatamente algo que eu consumiria habitualmente. E então, ele soltou a seguinte pérola.
“É que seu paladar ainda não está preparado para apreciar bons vinhos.”
Bebi o que restava na taça para não fazer desfeita, e discretamente fui embora. Comprei uma Coca-Cola em uma lojinha que ficava embaixo do prédio e fui para casa.
No trajeto, pensando sobre o acontecido, aprendi a lição: se eu preciso me preparar ou ser preparado para dizer que uma coisa é boa, essa coisa não serve para mim. Eu tenho meus gostos, meus valores, minha personalidade, meu caráter. E se isso significa que devo caminhar sozinho em determinados momentos, estarei em excelente companhia.
Algumas são únicas
Algumas são inesquecíveis
E algumas são apenas algumas
E as que não são algumas
As que são intensamente umas
Dessas não me esqueço –
Nem disfarço
Quer seja na garrafa suntuosa
Na nudez transparente do copo
Ou no detalhe fulgurante do trago
Destes rios me embebedo
Rios que sorvo sem pressa
Rios nos quais inevitavelmente deságuo
Dai-me agora mais uma –
Não alguma! –
Para que a minha sede se aplaque
Posto que estou em meio a um deserto
E tudo que eu achava que era certo
Dentro de mim já não cabe.
A gente não procura
Mas ainda assim acha
E quando acha
Quer escapar
Tenta escapar
Até que chega ao ponto
De fingir
Que quer escapar
E acaba por se entregar
Como se não houvesse amanhã
(sempre há!)
E reclama!
Se culpa!
Fala que foi só um tropeço
Que nunca mais se repetirá
Mas a imagem está clara
O cheiro
O gosto
A quentura
O desejo
Tudo leva de volta para lá
E finalmente percebe
Com o passar dos dias –
Quanta agonia! –
Aos trancos e barrancos
No riso e no pranto
Que não dá para largar de vez
O café
E quando não é o café
É o amor
Que sem licença chega
E diz que é.
Ainda procuro aquele brilho
Que emana de seus olhos
Desde o dia em que eu te conheci
Ainda procuro aquele perfume
Aquele sorriso provocante
Eternidades
Nossas vidas por alguns instantes
Ainda procuro o nosso gosto
Procuro o nosso cheiro
Procuro seus braços
Pelo ânimo para levantar
Pela fragilidade para dormir
Ainda procuro aquela sensação
Aquela total falta de limite
Frio na barriga
Excesso e falta de apetite
Aquela vontade de estar para sempre ali
Ainda procuro lembranças
Doces, suaves
Esperança!
De estar e ser sempre por perto
Peito aberto
Todo mundo em nossas mãos
Ainda procuro…
Dia e noite, eu juro
Ainda procuro
Ainda te amo.
A maior doçura do mel se sente com os ouvidos
Mel…
Mel…
Mel…
Mel aqui…
Mela aqui…
Doçura em favos
De carne e osso.
Lembro-me da luz do sol
Invadindo nosso quarto
Por entre a cortina
Iluminando teu corpo nu
Lembro-me do meu corpo
Suado, também nu
Ainda ofegante
No mais completo e extravagante êxtase
Nosso cheiro embolado no ar
Roupa de cama molhada
Evidências incontestáveis
De fatos concretos, consumados
Teus cabelos bagunçados
Tuas pernas torneadas e meladas
Rios que de ti escorriam
Águas que criaste e levaste de mim
Lembro de te puxar-te pelos braços
Jogar-te de volta na cama
Provar novamente os nossos gostos
O mais puro e selvagem absinto
Lembro-me de visitar-te por dentro
Do céu da boca e de todos os outros lugares
E de novos rios intermináveis
Jorrando sobre nossos corpos lisos
Mas de tudo isso
Lembro-me ainda mais
Da delícia que é ser teu homem
E da delícia que é tu seres a minha mulher.