Dona Maria, a iludida

Vamos supor que um produto custe USD 1 (1 dólar americano) no mercado internacional. É uma commodity qualquer. O produtor dessa commodity olha para o mercado interno, ou seja, para o Brasil, e percebe que pode vender o produto por R$3,00. Tudo bem. Afinal de contas, 1 dólar está valendo R$3,00. Para o produtor, é absolutamente indiferente vender no Brasil ou para o exterior.

Entretanto, por algum motivo, o dólar sobe para R$5,00. A cotação internacional do produto, entretanto, permanece a mesma: 1 dólar. E o produtor pensa: “Poxa, se eu vender o meu produto no mercado externo, vou ganhar R$5,00 ao invés de R$3,00. Vale muito mais a pena, até porque as peças de reposição para a máquina que fabrica esse produto também ficaram mais caras, pois elas são importadas. Vou exportar minha produção.”

Enquanto isso, o dono de um mercado qualquer no Brasil precisa fazer um pedido do tal produto. Liga para o produtor e pergunta o preço. O produtor diz que agora o preço é R$5,00, pois ele vai exportar toda a produção. O dono do mercado fica indignado, mas fica sem saída: precisa pagar R$5,00 no produto ou não ter o produto em seu mercado. Ele até liga para outro produtor para verificar se é um caso isolado, mas não: todos os produtores subiram seus preços.

Dona Maria, que sempre acompanhou os preços dos produtos (adora ir ao mercado), fica horrorizada quando se depara com a subida do preço do produto no mercado. Como ela não entende nada de Economia (e não tem obrigação de entender), ela lembra de uma mensagem que recebeu de uma tia do WhatsApp tia dizendo que “os donos de mercados precisam ser mais patriotas”. Ela faz um escândalo no mercado. Diz que é um absurdo. Chama o dono do mercado de ladrão. Diz que nunca mais vai por os pés naquela espelunca e vai embora animada, certa de ter cumprido o seu dever cívico. Lembrou até dos tempos em que fazia o mesmo enquanto “Fiscal do Sarney”, mas preferiu ignorar a lembrança. “Outros tempos… Nada a ver…”, pensou.

Vai em outro mercado em seguida. Ela quer comprar barato. Ela não é otária. E no outro mercado, para sua surpresa, o preço também subiu. Ela chega a conclusão que todos os donos de mercado são todos ladrões. Sem saída, compra o produto pelo preço novo. É um produto essencial.

Furiosa, ela não não se contém. Conta para as amigas que a culpa é dos que disseram que era para deixar a economia para depois. Ela mesma ficou em casa se borrando de medo da doença, pois perdeu um primo para a COVID-19 (ela chora todos os dias quando lembra do quão jovem ele era – maldita doença!). Mas isso não interessa! Ela conversa com um dos sobrinhos que diz que o mal do Brasil são os comunistas e o vírus chinês. O irmão diz que é tudo culpa dos governadores e prefeitos. Falam mal do Mandetta, do Drauzio Varella, da China… Mais uma vez xingam os donos dos mercados. Vendidos! Comunistas! Aproveitadores!

E enquanto isso, na China, que pagou 1 dólar pelo produto, está tudo bem. O produtor brasileiro está feliz porque recebeu mais pelo seu produto. Dona Maria não consegue comprar mais a mesma quantidade do produtos que conseguia antes. A aposentadoria dela não foi reajustada. Só os preços dos produtos que subiram. “Esses donos de mercado são todos uns vagabundos! Eles me pagam!”

O “Investment Grade” de cada dia

Nunca fui contra e nem a favor dos homossexuais ou da homoafetividade. Posso ter meu ponto de vista com relação ao assunto, mas isso não me exime de respeitar e de exigir respeito. O que se faz entre 4 paredes não é problema meu.

Talvez você esteja se perguntando: será que entrei no post correto? O título fala de Investment Grade e o autor está falando de sexualidade? Pois é… Eu estou tentando reproduzir em menor escala o que está acontecendo sistematicamente no Brasil.

Já repararam que o JN, grande referência para a população brasileira (queiramos ou não), mal fala de economia, e quando fala, de uma forma ou de outra o faz superficialmente, sempre com um viés protetor do governo petista? “Houve uma ligeira queda”, “Há um pequena defasagem nas contas públicas”, etc. É sempre assim. Nunca se fala algo do tipo “Pessoal, agora babou!”. Pois bem. Chegou a minha hora de falar com todas as letras:

AGORA BABOU!

Enquanto você discutia sobre o beijo gay da novela, o nosso país se afundava na lama. Enquanto você chorava a morte do leão, a nossa república estava sendo estruprada. Enquanto você bradava que queria liberdade, estava forjando os seus grilhões!

Repito:

AGORA BABOU! (sim, foi daí que surgiu o nome desse blog)

Mas por que só agora? Isso não começou depois da reeleicão da Dilma, que fique claro. Desde 2008, o governo petista perdeu completamente a mão em se tratando da economia brasileira, e desde 2005, quando surgiram os primeiros “boatos” sobre o Mensalão, o país navega sem rumo por águas para lá de turbulentas. Navega ingovernável. Paramos no tempo e no espaço.

NUNCA FOI UMA MAROLINHA!

Uma crise que atinge a maior economia do mundo jamais pode ser desprezado ou varrida para baixo do tapete, tal como se não existisse. E agora, no dia 09/09/2015, veio a confirmação disso:

http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/09/standard-and-poors-tira-grau-de-investimento-do-brasil.html

Vamos tentar descomplicar isso? Sabe aquele seu tio que de vez em quando pede dinheiro emprestado e sempre honra os compromissos, pagando exatamente de acordo com o que foi combinado? Esse é o seu tio Invesment Grade. Se você tem para emprestar, você empresta. E mais ainda… Você sabe que se ele vier falar em abrir uma comércio e pedir para você entrar como sócio, vai ser algo lucrativo para ele e para você. Mas sabe aquele seu primo cachaceiro, que vive coçando o saco, que não gosta de trabalhar, que nunca honra os compromissos que assumiu, e no almoço de domingo posa de bom moço? Esse é o seu primo Sem Invesment Grade. É daqueles que você olha quando vem com uma proposta de sociedade e pensa: “Ih! lá vem treta!”

É assim também no cenário mundial em se tratando de países. De 2008 para cá, o Brasil veio perdendo a cara do tio Invesment Grade e se tornando cada vez mais o primo Sem Invesment Grade. Oficialmente, hoje, o Brasil deixou de ser um país confiável para se fazer investimentos, quiça até com reduzida capacidade de honrar os compromissos já firmados.

Quer saber como isso afeta a sua vida? O que você exigiria do seu primo? Mais garantias. Se ele te pedir dinheiro emprestado, talvez você peça até que ele deixe algum bem com você para ter certeza de que você não vai ficar a ver navios caso ele não honre o que prometeu. E assim será com o Brasil de hoje em diante, pelo menos até a economia dar sinais de que está sendo conduzida por gente séria.

Na prática, apesar de estar no meio da crise, para manter os investidores no Brasil sem o Investment Grade, o país vai precisar fazer um esforço extra. O investidor vai ter que ser compensado de alguma forma pelo risco. Passou a ser oficialmente arriscado investir e negociar com o Brasil. Talvez o investidor exija que o Brasil pague mais por cada dólar investido, lembrando que a taxa de juros nada mais é que o preço do dinheiro. Ou seja, a tendência é que o dinheiro fique mais caro e mais escasso, pois o Brasil terá que oferecer aos investidores muito mais do que oferecia até agora para que eles se convençam que entrar ou até mesmo permanecer no Brasil é algo viável.

E no que isso afeta você? Pode custar o seu emprego, quer seja através do corte de gastos ou mudança de planos da empresa para qual que você trabalha (o dinheiro vai ficar mais caro de forma geral, inclusive para as empresas), ou mesmo na redução de vagas ofertadas em concursos públicos (ficou claro, concurseiros?). Vai ser mais difícil financiar carro, casa, TV, rádio de pilha, videogame, etc. As coisas realmente vão ficar pior do que já estão. Não tenha dúvida alguma disso. Sem alarmismo e com tranquilidade, digo não é hora de assumir compromissos de longo prazo. É hora de garantir o que você já tem e pensar que o pior pode acontecer nos próximos meses ou até mesmo nos próximos dias. Podem esperar uma disparada no dólar a inflação no maior estilo pré-real. Estamos literalmente quebrados.

Entendeu o porque de eu te falado de sexualidade no início do post? Enquanto você discutia esse e outros assuntos menos importantes diante do caos que estava se desenhando, um montão de coisas foram acontecendo… E hoje, nós somos o tal primo cachaceiro, indigno de confiança, exatamente como éramos antes. Provavelmente, você nem viu isso acontecer, não é mesmo? Estava tentando salvar algum leão por aí…

Percebeu que chegou a hora de confrontar essa gentalha? Nada de pegar em armas (isso é coisa de bandido!), mas não é possível que você continue calado diante do seu amigo de infância que insiste em dizer que o PT é o maior partido do mundo, que melhou a vida dos pobres, etc. Deixa só eu dizer uma coisa…

AGORA BABOU PARA OS POBRES TAMBÉM! AGORA BABOU DE VEZ! VAI FALTAR ATÉ PÃO COM MORTADELA! SEU AMIGO QUE CONTINUA DEFENDENDO O PT OU É DOIDO OU ESTAVA/ESTÁ SE BENEFICIANDO DE ALGUMA “BOQUINHA”!

E me faça só um favor de agora em diante (isso se você acordou, claro):

DESCONFIE DE TUDO QUE VIER DESSE GOVERNO! NÃO ACREDITE EM UMA PALAVRA DO QUE TE DISSEREM! ACABARAM COM A MAIOR EMPRESA DO PAÍS, COM O PAÍS, E AGORA QUEREM QUE VOCÊ PAGUE A CONTA! CHEGA! BASTA! FORA PT!

P.S.: Que vergonha, hein? Joaquim “Chicago Boy” Levy é um fraco. Um sem noção. Valeu, Levy, por assumir o cargo e fazer exatamente o que qualquer um, sem o mínimo de noção de Economia, faria!