Muitíssimo

Estou em busca de coisas brutas.

Sentimentos brutos, melhor dizendo,

Daqueles que não são processados ou raciocinados,

Daqueles sobre os quais não se tem domínio,

Daqueles que carecem de razão,

Daqueles que são porque são,

E isso é o que neles basta.

 

Quero o sorriso que não se consiga conter.

Quero gargalhadas agudas,

Daquelas que fazem cuspir farofa.

Quero lágrimas de tanto rir,

E rir de sentir dor na barriga.

E quero me lembrar disso depois,

E recontar a história ou o “causo”

Só para rir mais ainda.

 

Quero o toque que fique,

E que fique com o cheiro do meu perfume.

Quero tocar e ficar com outro perfume,

Só para criar um terceiro perfume

Que surge quando os outros dois se misturam.

Quero chamar esse cheiro de “nosso”,

E achar que é este mesmo cheiro que sinto

Quando passo em frente a uma perfumaria.

 

Eu quero lembrar,

E lembrar para sempre.

Eu quero que cada segundo seja único,

E quero repeti-lo sempre,

E tentando repeti-lo,

Criar outros tantos segundos únicos.

Quero que tudo seja inesquecível,

Guardado com carinho e orgulho,

Para não ser contado para quase ninguém.

 

Haverá desentendimentos –

Eu sei –

Porque sempre haverá a necessidade de entender.

Haverá dias ruins, ruins demais,

E que irão passar,

Pois tudo que for ruim irá passar

Para dar lugar a tudo que for bom.

 

Eu não quero muito.

Eu quero o mínimo necessário que me baste.

Mas eu sou muito…

E acabo querendo muito, sim.

Muito…

Sempre muito,

Na certeza de que tudo é e pode ser muitíssimo.

Abundance-mindset