A primeira vez que fui à praia com a Júlia, fiquei bem tenso. Afinal de contas, ela tinha vinte e seis, gostava de malhar, e lá estava eu com aquela barriguinha de chopp. Para piorar um pouco, vi que os amigos dela, em sua grande maioria, também eram da dita geração saúde.
– Esse aqui é meu namorado. – disse ela.
E os amigos e amigas dela, um a um, vieram falar comigo. Quando dei por mim, não parecia sequer haver algum tipo de diferença de idade. Estavamos todos no mesmo barco, rindo e comendo açaí (odeio açaí!). Meus 46 anos não eram importantes ali.
Mas algo me consumia… Até então, não éramos namorados. Nunca havíamos conversado sobre isso. Pensei em perguntar o porquê, mas não achei necessário. Ela tinha me assumido na frente de todos os amigos. No mínimo, ela queria que eu me sentisse bem ali. Ela se importava comigo.
E eu a via conversando com os amigos. Ela usava um óculos bonito, estava bem bronzeada, e o vento ajudava com o movimento dos cabelos. Era como se eu estivesse hipnotizado. Não era como se: eu estava.
Em certo momento, ela disse que andaria com as amigas pela areia, rente ao mar. “Será que ela vai com essa bunda de fora? Lógico que vão olhar!” E ela foi com a bunda exposta ao tempo. O corpo dela chamava a atenção, mas engoli as emoções daquele instante. Como é mesmo que dizem? Eu precisava ser maduro.
E depois de uns 15 minutos, Júlia voltou com um milho cozido. Ofereceu-me e tal. Não aguentei.
– Não gostei de você andando como a bunda de fora… – disse eu olhando para o mar
– Como assim? – disse ela com ar de reprovação. Parecia que estava furiosa.
– Sei lá, eu… – ela se levantou e se afastou, deixando o milho nas minhas mãos. Naquele momento, o milho se transformou em um pepino para mim, claro.
Paramos de nos falar ali na praia. Ela me fitava distante. Aliás, não dava para saber ao certo. Malditos óculos escuros!
E o fim de tarde foi chegando… Fomos até o carro, e ela ficou parada do lado de fora, como se esperasse alguma coisa. Quando abri o vidro para perguntar o que era…
– Que eu saiba, é um hábito seu abrir a porta para eu entrar. – disse ela com evidente sarcasmo em sua voz.
Saí do carro, abri a porta, e ela me agradeceu. Júlia ligou o rádio em uma estação aleatória. Fomos mudos até a casa dela.
Estacionamos o carro e subimos. Ela abriu a porta, e imediatamente após entrarmos, ela me jogou contra a parede com força e me beijou profundamente.
– NUNCA MAIS desconfie da minha lealdade. NUNCA! NUNCA te dei motivos para isso. – disse ela com o dedo em riste, enquanto discretamente me guiava para o banheiro.
– Olha, eu queria dizer… – e não consegui continuar a frase. Ela me empurrou para dentro do box. Ficou nua. Ligou o chuveiro.
– Agora, me fode! – disse ela de maneira bem resoluta.
Obviamente, obedeci.