De vez em quando, alguém me faz uma pergunta que me deixa sem chão. Em geral, são perguntas sobre algo que eu disse que faria ou sentia nas minhas poesias.
Vamos começar pelo básico: a leitura da poesia Autopsicografia, de Fernando Pessoa. Insisto… Continue somente APÓS ler esta poesia.
Talvez você já tenha entendido o porque de eu pedir para que lesse a poesia. De qualquer maneira, faço questão de explicar: O POETA É UM EXAGERADO! Já imaginaram como seria uma poesia sem esses toques sutis (ou não) de exagero, sem certa dramatização? Poesia não é notícia de jornal! Ela tem que causar impacto. Tem que ser como um soco no estômago. Então, é um lugar para não se medir palavras. Vida real? Tudo bem diferente…
Um exemplo? Uma poesia de minha autoria: Desista! Novamente, insisto que continue a leitura somente APÓS ler esta poesia.
Pois bem… Alguém realmente acredita que o sujeito desta poesia seja um stalker? Que tipo de pessoa consegue viver em uma corda bamba para sempre, sendo humilhado, ofendido, preterido, etc.? E é justamente nesse momento que as pessoas se perdem ao ler as poesias. Sendo um exagero, está mais do que na cara que o conteúdo da poesia quer mostrar tão somente a determinação do sujeito em estar com sua amada. Só isso. Nada mais. É um exagero da verdade com o objetivo de mostrar uma intenção, e não um plano macabro que será levado a cabo de qualquer jeito.
Na vida real, eu sou uma pessoa… Real! Uma pessoa que ama, que é amada, e que sabe muito bem o momento de tirar o seu time de campo quando necessário. É certo que luto por aquilo em que acredito, mas se a resposta final for um não, por exemplo, é não e fim de papo! Não vai ter barraco, ligações de madrugada, porres, etc. Pode haver tristeza, algum sofrimento, e sentimentos correlatos que todos sabem que são passageiros, mas loucuras? A vida real é bem diferente da vida poética. Bem diferente.
Quem gostaria de ter a seu lado uma pessoa indecisa, por exemplo, para o resto da vida? Quem ama e de fato sabe o que é o amor, também sabe que o amor precisa ser recíproco para funcionar. Até porque quando se insiste no amor não correspondido, a pessoa começa a ficar insuportável, se justificando demais, perdendo a sua própria naturalidade, o que só dá mais motivos para que a outra parte se afaste. Em suma, a pessoa deixa de ser ela mesma. O resto é pura poesia. Não serei hipócrita ao ponto de dizer que se o amor é seu, deve deixa-lo livre e blá, blá, blá… É preciso deixar claro que ama, que quer estar perto e tal, mas até para isso existe um limite. Reciprocidade é a palavra-chave. E quando existe a tal reciprocidade, NÃO EXISTE NADA E NEM NENHUM OBSTÁCULO que consigam acabar com esse amor. Sim, é simples assim.
Acho importante as pessoas terem isso em mente ao lerem as minhas poesias. Amar é uma coisa. Ser masoquista é outra. A vida real é uma coisa. A vida poética é outra. Para amar alguém é preciso, antes de mais nada, ter amor próprio, autoestima. É preciso reconhecer o seu próprio valor e esperar de quem você ama nada menos do que o tratamento, o respeito e a cumplicidade de quem de fato também ama (reciprocidade, certo?). E saber também até onde ir, mantendo a cordialidade e a serenidade, tendo a certeza de que a vida é uma fonte de infinitas possibilidades. Afinal de contas, não é possível prever o amanhã, e todos são absolutamente livres para fazerem suas próprias escolhas. E sim… Livres e obrigados a conviver com as consequências destas mesmas escolhas. Acreditar na vida e no futuro é algo absolutamente fundamental. É preciso ter fé.

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