Se você é casado(a) e o seu casamento não tem como valor ou premissa a fidelidade conjugal, esta é uma questão sua. Eu não consigo achar excitante ou mesmo normal esse tipo de promiscuidade, mas enfim… Todo mundo tem o direito de viver como quer.
O problema começa quando você envolve terceiros nesta ciranda não mais na qualidade de amantes ou parceiros sexuais, mas como eventuais namorados(as), noivos(as), futuros maridos/esposas, criando e alimentando relacionamentos paralelos fantasiosos, sem nenhuma intenção de honra-los.
A pergunta que não quer calar: afinal de contas, se o que você faz é certo ou pelo menos você acha que é, por que não dizer logo a verdade na sua busca por um(a) amante ou uma reles transa?
“Sou casado(a) e só quero transar. Topa?”
Não chegue dizendo que seu cônjuge é uma pessoa terrível, que você está em um relacionamento abusivo, e que está em processo de divórcio. Não diga que a situação não avança tão rápido quanto você gostaria porque há filhos, família e patrimônio envolvidos. Não diga que seu cônjuge é um manipulador, um chantagista, ou alguém com problemas psiquiátricos. Não diga que não há mais sexo em seu casamento e que você sente nojo ao ser tocado pelo seu cônjuge. Não se faça de vítima de pessoas ou circunstâncias! Chegue falando a verdade. Chegue falando de você e de quem você é.
“Não vou me separar. Saiba disso. No máximo, seremos amantes.”
Sabe por quê? Há muita gente boa e desimpedida nesse mundo que acredita, se envolve, passa a gostar ou até mesmo a amar partindo do pressuposto que você é uma pessoa íntegra, que fala a verdade. Gente que realmente acredita que você está só precisando de um tempo para organizar as coisas e tal. Gente que é fiel e que não quer ser amante de ninguém. Gente que gosta da verdade e repudia a mentira. Gente que não é capaz de inventar coisas ou fingir sentimentos para conseguir o que quer. Gente que quer estar com você em uma relação monogâmica baseada em respeito, reciprocidade, amor, etc.
Estas pessoas se machucam e ficam cheias de cicatrizes quando se envolvem em situações deste tipo. Demoram meses para se recuperar da traição (a descoberta de que você não é quem dizia ser). Elas fizeram planos para uma vida inteira a seu lado enquanto você só estava pensando em sexo casual. Elas pensaram que estavam em um relacionamento com você quando na verdade eram apenas fornecedoras de sexo. Você sai ileso da aventura. A pessoa não.
Percebe a gravidade disso? Será que você consegue entender o quanto isso é malicioso, vil e perverso? Não falo nem da promiscuidade sexual em si, que já acho absurda, mas brincar com os sentimentos dos outros nunca é algo aceitável. Coração dos outros é solo em que não se pisa.
Se essa sua normalidade progressista passa por não respeitar o coração dos outros e ser minimamente sincero(a), você não é apenas uma pessoa em um casamento liberal, moderno. Você não tem respeito algum pelos sentimentos dos outros e muito menos a consciência para entender o mal que as suas “puladas de cerca” podem causar. Você desconhece o que é empatia, e muito provavelmente desconhece até mesmo o que é o amor.
“O combinado nunca é caro” – autor desconhecido.
Nem tudo na vida é a respeito de você e seus fetiches. Tenha responsabilidade afetiva. Sempre. Para você, pode não ser nada (só mais uma trepada), mas na vida do outro, pode ter sido tudo. Deixe que o outro seja feliz com alguém de verdade e com um mínimo de integridade.
A verdade é um remédio difícil de engolir, mas é um remédio necessário.
Parecia-me óbvio que a verdade seria capaz de alterar o meu futuro, mas acabei me dando conta de que a verdade também é capaz de alterar o meu passado. Minhas lembranças e minhas recordações mudaram na medida em que a verdade me visitou. Detalhe: ela veio de mala e cuia.
Revi cenas. Revivi momentos. E fui do amor ao ódio, e depois do ódio ao nada. Absolutamente nada. Nada. Nenhum receio ou porém.
Mas ainda assim, tudo que vivi permanece bom e útil de alguma forma. Aquele perfume continua sendo bom. O tesão, a paixão e a putaria também. Idem para os assuntos, os papos, as ideias, os planos, as comidas, as bebidas, as músicas e os dias. Viver o presente sem nada por entender, resolver ou esquecer é uma desintoxicante profilaxia.
A vida é boa. Vida que segue e está tudo bem. Que eu encontre por aí muitas outras doses desse remédio. Já não temo mais nada. Absolutamente nada. Nada. Nenhum receio ou porém.
O mentiroso (ou a mentirosa) quer, antes de mais nada, ganhar tempo. Sendo a verdade inevitável (ela sempre aparece), a mentira é apenas um adiamento do inexorável banquete das consequências e das atribuições de responsabilidades. O mentiroso (ou a mentirosa) sabe que pode dormir rei e acordar roto. E sim, o universo sempre conspira para que a verdade se restabeleça, e justamente por isso é que os dias de um mentiroso (ou de uma mentirosa) estão sempre contados.
Aproveite enquanto pode, mentiroso (ou mentirosa). É só questão de tempo.
Me conta tudo que eu nunca quis ouvir Me deixa te sentir por completo Em todas as partes do meu corpo Em todas as minhas células Pulsando pelas minhas veias Não tenha dó de mim!
Eu me lembro do quanto era fantástico fazer amor com você. Você dizia e fazia como se me amasse, e eu a amava integralmente, totalmente – Parecia que de fato nos amávamos – E todas as vezes que nos deitávamos era assim.
TODAS
Cada toque meu em seu corpo, por mais safado e absurdo que fosse Também era sempre um profundo gesto de amor e reverencial respeito. Fui fiel a você em toda e qualquer circunstância. Mais do que isso, fui fiel a mim e a meus sentimentos Você era para mim a personificação do sagrado feminino.
SEMPRE
Mas, se aquela com a qual me deitei tantas vezes era só uma projeção ou espelhamento dos meus desejos, Uma persona criada para tirar de mim o que eu sou capaz de ser e fazer somente quando amo e acredito que sou amado, Sou obrigado a reconhecer que eu jamais me deitei ou fiz amor com você. E as consequências disso são inevitáveis e inadiáveis: Em tempo algum me teve ou foi por mim amada de verdade: sequer sei quem é você.