Vivemos em um mundo onde ser bom e sincero causa espanto e desconfiança.
As pessoas simplesmente não acreditam mais na bondade e na sinceridade, ou mesmo em qualquer traço de pureza desinteressada. Acham que há algum tipo de manipulação envolvida. Algum tipo de toma lá, dá cá. Acham que o outro está materializando algum arquétipo angelical apenas para mostrar suas garras em um momento oportuno.
É um mundo que está conformado com a mediocridade e que acredita que o medíocre é, ao menos, real, possivel. A mediocridade se transformou, então, em uma espécie de pós novo normal.
E assim, o mundo vai se enchendo de relações medíocres, de momentos medíocres e descartáveis, de frases sem significado, de ideologias imbecilizantes e de mentiras que são repetidamente contadas olhos nos olhos, até chegarem ao ponto de serem reconhecidas como pós verdades. E as verdades, agora sim reconhecidas como mentiras, é que devem ser esquecidas e deixadas de lado.
O amor e tudo mais é líquido em um mundo que escorre por entre os dedos dos medíocres que já são o próprio mundo.
A saudade bate forte no peito.
Não avisa quando chega,
Mas chega, dizendo que a distância,
Ou mesmo nossa ignorância,
Não são fortes o suficiente para nos separar.
E procuramos no mundo,
Algo que seja forte o bastante,
Para calar nosso desejo,
Nosso amor, nossos beijos,
Nossa dor, nossa solidão.
Mas o amor é implacável,
Invencível, tenaz, inquebrável,
E insiste em dizer, todo os dias,
Nas manhãs enevoadas e vazias,
Nas noites tão frias e baldias,
Como é viver sem nos ter.
Saudade,
Sim! Muita saudade,
De tudo o que fomos,
Pois o que somos,
É pouco, muito pouco,
Quando dizemos que o amor está morto,
Muito antes dele morrer.
Se algum dia eu deixar de te amar, Meu grande amor, Saibas que serás a primeira a saber.
Dói-me pensar nisso, Mas é porque contigo penso em tudo, Por mim e por ti.
Se todo este amor que sinto, Se toda esta paixão que me aquece, Um dia for embora, acredite: Eu serei o primeiro a por isso sofrer.
Porque não está e nem nunca esteve Nos meus planos mais sinceros Deixar de te amar, de te ter, Ainda que isto possa acontecer.
E digo essas palavras Sem antever nada disto!
Não se trata de um aviso ou algo parecido.
É apenas uma declaração de amor invertida, Dorida… Sofrida…
Porque no dia em que eu deixar de te amar, Não serei mais digno de tua presença, E serei forçado a me retirar da tua vida, Mas não sem antes me despedir.
Não fugirei do meu dever de dizer Que não mais te amo.
Não deixarei que saibas por terceiros O que sinto ou deixei de sentir.
Porque hoje és a minha vida, E ainda que um dia deixes de sê-la, Também eu deixarei de ser A minha parte que só em ti e por ti existe.
Se algum dia eu deixar de te amar, É porque parte de mim mataram Ou parte de mim morreu.
Será que eu não entendi direito
As faíscas em nossos olhos
As mãos dadas
Os nossos suspiros
As nossas conversas e delírios
Os nossos beijos e abraços
O nosso gozo vitorioso
As batidas de um só coração –
Apenas um só coração –
Que pulsava por nós dois?
Será que eu não entendi direito
Tudo que não precisava de explicação?
Era amor ou não?
Se não era amor
O que era?
Era, era amor!
Era amor
E sinto a dor
Da morte
Do que era
Era amor
E hoje é flor
No jazigo
Que nos desterra.
Para uns
Beijos da vida
Para outros
Abraços da morte
A semeadura
Nunca abandona
Ou se esquece
De ninguém
E no tempo certo
Todo jardineiro
Que teve tempo
Mais do que suficiente
Para debulhar
Suas sementes
Receberá a sua paga
E vai chama-la de destino
Sem entender seus porquês
E menos ainda os seus poréns.