Lembro-me como se fosse hoje do então político Sergio Arouca (que não se confunda com o que ele representava como médico), discutindo na TV e nas rádios se a Dengue era um problema municipal, estadual ou federal. Achei surreal a discussão, mas entendi que se tratava de uma questão orçamentária, que seria rapidamente resolvida.
Aqui estamos nós, 25 anos depois, com os mesmos problemas de antes. Entretanto, agora o problema não é só a Dengue. Temos a Zika, a Chikungunya, e quem sabe alguma outra nova doença para o final de 2015/início de 2016. O que permaneceu inalterado durante esse período? O vetor dessas doenças: o infame Aedes aegypti.
Confesso que até hoje não sei exatamente se essas doenças são um problema municipal, estadual ou federal, mas sei que o controle do vetor dessas doenças, o mosquito Aedes aegypti, mesmo após 25 anos, continua ineficaz.
Os últimos dois verões foram atípicos. Por um lado, poucas chuvas e, consequentemente, menos casos de Dengue e das outras doenças. Por outro, problemas na geração de energia e no abastecimento de água. Esse é o país em que vivemos. De uma forma ou de outra, temos que torcer pelo ruim ou pelo menos pior.
Os políticos, obviamente, não perderam tempo em dizer que haviam controlado controlado o vetor (mosquito), e que o Brasil em breve se livraria dessas doenças. Como sabemos que nossos políticos não são sérios, seria de espantar que algum deles tivesse a dignidade de dizer que escapamos dessas epidemias por pura sorte. Pura sorte mesmo! JAMAIS POR COMPETÊNCIA OU USO APROPRIADO DO NOSSO ERÁRIO!
E como será o verão de 2015/2016? Será muito chuvoso? E se tivermos epidemias dessas doenças, como lidaremos com a situação? Vale lembrar que o sistema de saúde no Brasil como um todo está doente (isso vale para o setor público e para o privado), as FFAA (Forças Armadas) sem recursos, e o governo federal, além de alguns estados e municípios, estão completamente quebrados. Se falta papel higiênico e pessoal para fazer a limpeza dos hospitais, haverá leitos suficientes para comportar pacientes dessas possíveis epidemias? Há algum plano de contingência para situações emergenciais?
Dilma não está preocupada com isso. Afinal de contas, o Sírio Libanês fica “logo ali”. Mas e nós, reles mortais, como fazemos? Como vamos cuidar de nossas crianças, idosos, e de nós mesmos? Cabe lembrar que o desemprego tem impacto direto no SUS, uma vez que o desempregado e sua família, em geral, não mantém qualquer tipo de plano de saúde privado. Se antes o SUS já dava sinais de suas incapacidade (basta nos lembrarmos das tendas que foram montadas pelo Exército), imaginem agora?
Nunca fiz questão de estar certo em nada do que escrevi neste blog. Neste caso, então, quero estar errado mais do que nunca! Entretanto, gostaria de clamar pela a ajuda de todos os brasileiros, para garantir que suas casas, locais de trabalho e ambientes próximos não sirvam de criadouros para o mosquito Aedes aegypti. É a nossa vida e a vida daqueles que amamamos que está em jogo. Não podemos vacilar.