Eu terminei de assistir aquela nossa série e não gostei do fim (de nenhum deles).

Eu terminei de assistir aquela nossa série e não gostei do fim (de nenhum deles).
Nos momentos ruins
Nos dias ruins
Quando tudo e todos
Quero simplesmente esquecer
Sei que neles estão
Tudo que devo aprender
O que fiz?
Por que fiz?
O quanto fiz para chegar até ali?
Obra do acaso
Ou será que tudo eu simplesmente permiti?
E lembro-me que sou responsável
Diretamente responsável
Pelos rumos de minha vida
No excesso
Ou na carência
De sins e de nãos
Colho o que plantei
A vida é assim
Não há perdão
E quando penso que cheguei ao chão
Surge-me Deus
E acaba com minha sofreguidão
Será que desta vez
Aprendi de fato a lição?
Pelo sim e pelo não
Em nome do talvez
Aceito sem porquês
Minha sina
E nutro por ela
Enorme e infinita
E ainda assim aflita
Gratidão.
Que tempo é questão de opção
Isso não se discute
E se digo que para certas coisas há tempo –
Digo para estas coisas sim! –
E se digo que para outras coisas não há tempo –
Digo para estas coisas não!
Não há meio termo
E é importante esta questão:
Sem se falar abertamente
Diz-se muito
Emite-se uma certidão
E dando tempo ao tempo
Descobrem-se todas as verdades
Observando-se o todo
Evidenciam-se as obviedades
Tempo, tempo, tempo
De prisão ou liberdade
Que segue sempre em frente
Alheio à toda e qualquer vaidade
Tempo, tempo, tempo
De indiferença ou reciprocidade
Tempo que leva e tempo que traz
Gélido esquecimento ou torrencial saudade.
Fugindo dos olhos
Da voz
Do toque
Mantendo-se distante
Olhando de longe
Ou mesmo nem olhando
O Sol
A Lua
O mar
Não precisam de anuência para existir
Há coisas que simplesmente existem
E que são como são
A recusa
A negação
O não dito em detrimento do sim
O sim dito no lugar do não
E a vida passa…
Cheia de possibilidades
De escolhas
Tudo na vida é uma opção
E diante de toda mentira explícita
Há uma verdade enclausurada
Clamando por atenção.
Por ora, moça,
Enxuga teus olhos e vai.
E mais adiante,
Quando estiveres menos ofegante,
Espero que entendas
Que a vida se esvai
Nas pequenas doses de morte
Que ingeres a todo instante.
O sim e o não –
Não ditos –
Mau ditos…
Malditos!
Cansativos
E maçantes.
E teus olhos,
Hoje opacos e distantes,
Sequer relembram os olhos de outrora,
Quando descobriste que eras –
Ainda que por lapidar –
O mais lindo dos diamantes.
Para quem espera
Sempre o seu sepulcral
Condescendente
E reverencial
Silêncio
Dizer não
Pode ser o maior
De todos os barulhos.
Já dissemos tudo
Já dissemos nada
Já planejamos tudo
Já planejamos nada
E nossa roda gigante
Com aclives e declives
Dignos de um conto de fadas
Navegamos por risos e lágrimas
Nunca dantes defloradas
E entre ervas daninhas
Monstros e espinhos
Nos perdemos no caminho
Mas insistimos nesta telúrica
E epopéica jornada
Dissemos não para o sim
E sim para o não
Acorrentados pelos grilhões amor
Quer seja no prazer ou na dor
Edificamos nossas próprias prisões
Cativos de nossos próprios corações
Somos os sobreviventes
Crentes e carentes
Desse nosso mundo real
Em nada imaginário
Que a felicidade nos alcance
Que tudo seja vida post mortem
E que o medo seja esperança
Que sobre em nós a alegria das crianças
Quer seja nas madrugadas fogosas
Ou em para lá de inesquecíveis prosas
Nosso amor é assim:
Nunca talvez!
Há dias que não
Há dias que sim.
Relativizo o teu não
E entendo-o como sim
Não se trata do que deu-se em mim
Mas do que aconteceu aí…
Dentro do teu coração
Se falta ar a teu pulmão
Que respires fundo…
Bem fundo…
E que de uma vez por todas
Acordes para o mundo
Chega de dolorosas
E desnecessárias
Despedidas
Até breve!
Pode ser assim?
Nada me faz mais falta do que ainda não vivemos
Acho que merecíamos, quem sabe
Usufruir do direito de nos arrependermos
Eu deito minha cabeça no travesseiro e sinto
Que por mais que insistamos nos rodeios
Fugimos do inevitável, do que não pode ser extinto
E assim, nessa disputa de para lá de infantil
Vamos em frente, confiantes, próximos e distantes
Ignorando que foi o amor que nos chamou e nos uniu
Felicidade, espera por nós!
Talvez em alguma curva ou atalho do caminho
A encontremos novamente
Por favor, nos perdoe por isso…
Não se deve fugir ou ignorar o que se sente
Se essa era a lição
Que venha a próxima
Não vamos desistir nunca
Espero ouvir da vida mais nãos do que sins
Os nãos educam muito mais do que os sins
Mas que fique claro:
Vida, não deixe de mandar um sim de vez em quando
Só para deixar claro o quanto foram importantes o nãos.