Resolvi chamar de amor o que era pura dor E que minhas poesias inspirava.
Talvez mais algumas palavras Mais estrofes, mais versos Mais telefonemas e mensagens Mais angústia Mais lágrimas Mais humilhações Mais descaso Mais falta de respeito Mais indignidade.
Resolvi chamar isso de amor E hoje entendo o porquê: Falta de amor próprio Responsabilidade minha E de mais ninguém.
Faltou-me coragem Para deixar ir embora de vez A dor que não me deixava.
E no final das contas “Amar é quase uma dor” Apenas quando não é amor: É apenas dor romantizada.
O amor de fato é flor E como toda flor Faz valer a jornada.
Que neste Natal, nossos corações estejam bem abertos para sentirmos o que de fatos sentimos, de maneira que sejamos capazes de nos encontrar (de novo) com nós mesmos.
Que transbordemos nossos medos, nossas dúvidas, nossas tristezas, nossas verdades, nossas saudades, nossas felicidades e tudo mais que estiver preso em nossos peitos. E acima de tudo, que transbordemos muito amor e perdão, na certeza de que a busca incansável pela nossa integridade e reconciliação com Deus, nosso pai, é a nossa única possível salvação.
A quem eu machuquei, peço meu mais humilde e reverencial perdão. E se fui machucado, confesso que já não me lembro, pois o Cristo é o dono do meu coração.
“– Adeus – disse a raposa. – Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” – Antoine de Saint-Exupéry, no livro O Pequeno Príncipe
Um Feliz Natal para todos! Que Deus nos abençoe grandemente e que ilumine nossos caminhos hoje, agora e sempre. Amém!
No Centro de Niterói/RJ, durante a década de 1970, meu avô saía de casa aflito todas as vezes que chovia e ventava muito forte. Ele saía com uma caixa de papelão nas mãos, e um dia me chamou para ir com ele (para o desespero da minha mãe, pois eu era muito novo).
Fomos em direção à casa que abrigava a prefeitura na época, que era completamente cercada por árvores enormes. Diante delas, vi meu avô se abaixando e recolhendo o que pareciam ser pequenos frutos das árvores. Não eram. Eram pequenos pardais desfalecidos por conta da tempestade.
Então, já com a caixa cheia dos pequenos pássaros, meu avô voltou para casa, cobriu a caixa com um cobertor e a colocou no forno, em temperatura bem baixa e com a porta aberta. Instantes depois, meu avô retirou a caixa do forno e eu comecei a ouvir inúmeros e intensos piados. Quando a chuva passou, meu avô retirou o cobertor de cima da caixa, bem perto da janela da cozinha, e dezenas de passarinhos fortes e aquecidos, voaram pela janela em direção ao infinito, em direção à vida.
Aprendi ali com meu avô, bem cedo, que mesmo sem que um pardal lembrasse do meu avô ou se mostrasse minimamente grato a ele, o prazer de ver os pardais voltarem a voar significava para ele absolutamente tudo. Ele praticava o bem e o bem era a sua própria recompensa. Era evidente nos seus olhos e no sorriso que esbanjava para si mesmo.
Que nossos corações e nossas atitudes sejam como a caixa, o cobertor e o forno do meu avô. E que possamos fazer o bem sem esperar nada de ninguém, na certeza de que ver o outro se levantar diante de uma dificuldade é um dos mais sublimes experiências que podemos ter na vida.
Saudades de ti, Afonso Fonseca, meu adorável e inesquecível avô. Obrigado por ter me ensinado tantas e tantas vezes o que verdadeiramente vale a pena na vida.
Também eu sei falar de coisas tristes, De tudo de ruim que me aconteceu, Das dores que me perseguiram inclementes, Das saudades absurdas que me gelaram o peito, Das vozes que, delirante, fingi que ouvi, Das noites em claro e da sensação de quase morte, Dos fins de tarde que pareciam o fim do mundo, Do Apocalipse que comia e regurgitava minhas vísceras.
Ninguém por perto.
Medo diserto.
Respirar funesto.
Desenredo decerto.
Até que me dei conta De que nunca me eximi, Ou mesmo tentei fugir, Das catástrofes que a mim – E em mim – Cabiam: Tentar esquecer Era, pois, a forma mais dissimulada De me lembrar, Todo santo dia, De tudo que ainda me habitava E de tudo que já me foi tudo um dia.
Imagine-se em um salão cheio de portas. Algumas abertas e outras fechadas. As fechadas você tenta abrir e não consegue. Estão trancadas. As abertas, cada uma delas leva a um lugar ou a uma situação diferente da sua vida. Levam a seu passado.
Sem saber o que fazer, você olha na parede do salão e percebe que há algumas instruções em um quadro:
“As portas abertas são o seu passado. Não a totalidade do seu passado, mas assuntos que ficaram pendentes na sua vida, muito embora você tenha feito todo o esforço possível para resolvê-los.
As portas fechadas são o seu futuro e novas realidades que o universo está disposto a lhe oferecer.
Observação: é preciso fechar as portas do passado para que as portas do futuro se abram. Não há uma relação direta entre a quantidade de portas fechadas no passado com as que se abrirão no futuro.”
Você se senta no meio do salão, sem saber o que fazer. Revisita as portas abertas. Há uma mistura de apego com saudade em algumas portas. Em outras, pura frustração.
Decide, então, começar por estas. Lembra-se de situações frustrantes, da sua responsabilidade sobre elas e das variáveis que não podia controlar. Tira destas situações lições, e vai fechando as suas respectivas portas, uma a uma. Você nota, inclusive, que uma porta aberta, depois de fechada, não pode ser mais aberta.
Ainda sem entender muito bem o que está acontecendo, você tenta abrir as portas do futuro. Nenhuma delas se abriu. Desconfiado, você volta até o quadro com as instruções e as relê, percebendo que está seguindo a risca o processo.
As portas que misturam apego e saudade são mais difíceis de serem fechadas. Por mais que você as olhe, sente-se impotente e pensa:
“Nossa… Há tantas coisas boas ali naquelas portas… Não sei se consigo fecha-las. Nesta aqui, por exemplo. Amei tanto… Fui tão feliz… Mas ao mesmo tempo, nada de bom acontece nesta porta há muito tempo. O que me faz mante-la aberta é a pena de que não tenha dado tudo certo como eu planejei e o medo de que nada parecido volte a acontecer comigo.”
E assim você se sente diante de todos as portas do passado que permanecem abertas. Tenta abrir as portas do futuro, até para ver se alguma das portas poderia substituir alguma do passado, mas as portas continuam trancadas.
Você volta ao quadro para reler novamente as instruções, mas percebe que elas mudaram. No quadro está apenas uma frase:
“Tenha fé no futuro.”
Sem saber o que fazer, você para diante de cada uma das portas abertas do seu passado e começa a fecha-las. Não todas. As mais fáceis, talvez. Sente um aperto no peito e lágrimas escorrem pelo seu rosto enquanto faz isso. Instintivamente, você tenta reabrir algumas delas, mas elas não se abrem mais. Estão trancadas.
Você sente um misto de desespero, desconfiança, e se sente um idiota por ter confiado em um quadro que muda aleatoriamente o texto que nele está escrito. Sua alma enche-se de medo. Seu coração dispara. Você sente-se enganado.
E depois de passar um longo período refletindo sobre o seu passado, uma semente de uma planta chamada “não tenho nada a perder” começa a brotar dentro do seu coração. E você volta diante das portas que ainda permanecem abertas e vai fechando-as uma a uma, até que se dá conta de que fechou todas.
Tenta abrir, então, as portas do futuro, mas elas permanecem fechadas. Revoltado, você volta até o quadro que agora diz apenas:
“O futuro é seu.”
E você ouve o barulho de muitas portas se destrancando. Todas as portas, tanto as do passado como as do futuro. Não pensa em reabrir as do passado, entretanto. Você já sabe o que há dentro delas. Tenta, então, abrir a primeira porta do futuro e adentra em uma sala cheia de outras portas, que por sua vez, conduzem à tantas outras portas. Nada muito interessante, e você resolve voltar para o salão.
Curioso, você vai abrindo todas as portas do futuro, uma a uma, e em cada uma delas há algo que você sempre desejou ou sempre quis. Algo que voce sempre achou essencial para a sua felicidade. Em uma delas, por exemplo, estava o parecia ser o emprego dos seus sonhos. Em outra, o possível amor da sua vida. Cada porta continha um aspecto importante e não menos relevante na sua totalidade, ao ponto de você não saber qual delas escolher.
Intrigado, você resolve voltar até a primeira porta que abriu. Afinal de contas, por que somente ela parecia não levar lugar algum? E para a sua surpresa, na porta estava escrito FELICIDADE. Você abre a porta e entra para ver se algo mudou, e se depara com o mesmo mundo em que vivia antes, mas com a certeza de que já não carrega dentro de si o peso e as dores do passado. O passado agora permanece dentro de você como memórias e histórias, que não mais doem ou assustam. E você olha para trás e se dá conta de que já não há mais porta alguma. Não há para onde voltar. E em um outdoor todo iluminado, bem a sua frente, um texto que você já conhecia:
“O futuro é seu.”
E então você começa a entender tudo e fala para si mesmo:
“O mundo não mudou, mas eu mudei. Estou pronto para o futuro. O futuro é meu.”
A palavra de hoje é ressignificar. E como todo mundo está falando desta palavra sem se dar ao trabalho de entender o processo como um todo, resolvi meter a minha colher neste angu cheio de caroços.
Vamos começar por entender o que não é ressignificar. Ressignificar não é olhar para algo que aconteceu na tua vida e dizer que tudo é culpa ou responsabilidade do outro. O nome disso é negação.
Não é possível ressignificar sem vencer a fase da negação. Ressignificar é assumir o teu protagonismo na tua história. É perceber que muita coisa do que te aconteceu tem que ver com teus atos e omissões. E somente diante deste protagonismo, que não pode ser fingido (precisa ser de fato entendido, aceito e internalizado), é que podemos ressignificar qualquer coisa que seja.
“Poxa! Fulano fez isso comigo!” – Quantos sinais claros de que Fulano iria fazer algo do tipo foram sumariamente ignorados? Quantas vezes você se calou quando deveria falar ou fazer algo? Quantas vezes tentou fazer pelo outro o que ao outro cabia fazer? Quantas vezes você ignorou a tua intuição, a tua voz interior? Quantas vezes você “fingiu que não viu” o que estava bem diante dos teus olhos?
Ninguém aprende lição alguma sem antes entender o papel que representou em determinada situação ou história. Ressignificar é tirar o melhor de algo negativo que aconteceu em tua vida, e isso passa obrigatoriamente pela aceitação não só de teus acertos, mas também dos teus erros. É assim que se cresce. É assim que a tal da maturidade chega. É também assim que chegam a paz e a felicidade.
P.S.: Ninguém melhor para te auxiliar nessa jornada do que um Psicólogo ou Psicanalista.
De onde menos se espera, quando menos se espera, acontecem coisas incríveis! ❤❤❤
Que 2022 seja um ano cheio de surpresas incríveis na sua vida! Muita saúde, muita paz, muita felicidade, muita vida, muito crescimento, muito aprendizado. Enfim… Muito de tudo de bom que a vida puder te dar!
Que Nosso Senhor Jesus Cristo e a Virgem Maria, em nome de Deus, nos abençoem!
É muito bom ter vocês por aqui! Muito obrigado mesmo! Até 2022!
Beijos,
Fabio Ottolini
P.S.: A pandemia ainda não acabou! Evitem aglomerações e divirtam-se com responsabilidade.