Às vezes –
Todas as vezes! –
Sinto que a vida pode me lanhar.
Não tenho medo,
Porque é só no desassossego,
Nos limites do desejo,
Que sou –
E QUERO! –
Estar.

Às vezes –
Todas as vezes! –
Sinto que a vida pode me lanhar.
Não tenho medo,
Porque é só no desassossego,
Nos limites do desejo,
Que sou –
E QUERO! –
Estar.
De todas as coisas lindas da vida –
E na vida não faltam coisas lindas –
A vida é sempre das coisas a mais linda.
Ora feliz, ora triste
Ora crente, ora descrente
Tudo permanece, tudo existe
Tudo permeia, tudo insiste
Tudo é porque é
Tudo é vivo
Tudo pulsa
Tudo.
Tenho medo de perder a vida
Não porque tenho medo da morte,
Mas porque há muita sorte
Em se poder ter a vida.
Que os sorrisos invadam!
Que as lágrimas corram soltas!
Pois tudo é parte das coisas lindas
E do privilégio que é poder achar que são lindas
As coisa mais lindas que são a própria vida.
Hoje, um estranho me sorriu. Ele não me pediu nada. Não queria nada. Simplesmente sorriu porque o deixei passar na minha frente durante uma caminhada pelas ruas do bairro. Ele não sabia disso, mas eu precisava daquele sorriso. Eu também não sabia, mas senti algo muito positivo quando vi seu sorriso. Uma espécie de injeção de ânimo. Difícil de explicar.
E durante o resto de minha caminhada, segui sorrindo. Sorri para homens e mulheres. As mais novas eventualmente pensaram que minha simpatia era alguma espécie de cantada. As mais velhas, sorriam de volta. Os homens, não sabiam ao certo se eu era gay, maluco ou estava simplesmente feliz. De qualquer forma, o meu sorriso causou sensações nas pessoas, e era exatamente isso que eu queria.
Esperamos muito da vida. Compreensão, carinho e compaixão (entre outras coisas), mas muitas vezes nos esquecemos de dar justamente o que nos faz falta. Quanto me custou sorrir? Será que não fiz por alguma pessoa o mesmo que o estranho fez por mim?
Por via das dúvidas, vou continuar sorrindo. Espero que a vida também continue a sorrir para mim.
A culpa nunca é minha
É da vida
Não é das escolhas que fiz
Ou das que não fiz
É da vida
Não trabalho com o que gosto?
É a vida
Deixei passar meu grande amor?
É a vida
Estou fora de forma?
É a vida
E de fato a vida não se importa
Com o que penso dela
Do que a culpo
Porque ela é, de fato e de direito
A vida
Tão poderosa, maleável
Ao ponto de ser o que eu quero
O que eu permito que ela seja
Mesmo que eu só me dê conta disso
Quando estiver perto do fim
Ou bem longe do começo
E nesse darradeiro momento
Creio que não me servirá de consolo
Ou amenizará meu sofrimento
Culpar a vida pela vida
Que não vivi.
Foi-se
Perdeu-se
A culpa toda é só minha
Faltou avidez
Na minha vida.