Áspera
À espera
A vida
Quem me dera
Ter-te aqui
Agora
Afinal
Seja como for
Sempre antes
Nunca depois.
Áspera
À espera
A vida
Quem me dera
Ter-te aqui
Agora
Afinal
Seja como for
Sempre antes
Nunca depois.
Lembro-me da luz do sol
Invadindo nosso quarto
Por entre a cortina
Iluminando teu corpo nu
Lembro-me do meu corpo
Suado, também nu
Ainda ofegante
No mais completo e extravagante êxtase
Nosso cheiro embolado no ar
Roupa de cama molhada
Evidências incontestáveis
De fatos concretos, consumados
Teus cabelos bagunçados
Tuas pernas torneadas e meladas
Rios que de ti escorriam
Águas que criaste e levaste de mim
Lembro de te puxar-te pelos braços
Jogar-te de volta na cama
Provar novamente os nossos gostos
O mais puro e selvagem absinto
Lembro-me de visitar-te por dentro
Do céu da boca e de todos os outros lugares
E de novos rios intermináveis
Jorrando sobre nossos corpos lisos
Mas de tudo isso
Lembro-me ainda mais
Da delícia que é ser teu homem
E da delícia que é tu seres a minha mulher.
Eu sou a sombra dos teus desejos
A parte deles que nunca dorme
A parte que sempre te acompanha
Por mais que o negues quando foges
Tua fuga me agiganta e de nada adianta
Fico mais forte – nunca ausente
Ainda que me renegues repetidas vezes
Faço parte de ti, sempre presente
Tua lógica não me enfraquece
Tua negação me faz rir
Não posso ser descartado, jogado fora
Por que insistes em insistir?
Se soubessem a fúria louca que tens pode dentro
Se soubessem da mulher que finges que não és
Teriam medo de ti como não tenho
Ou achariam isso tudo um grande revés?
Que sorte a minha serem tolos assim!
Deflagro-te ainda que à distância
És parte do que sou em essência
És minha mais pura e devassa verossimilhança
Não se queixes de eu existir
Sou o derradeiro conduíte da tua felicidade
Se impura fores, impura é nossa essência
Da qual nos regozijaremos por toda a só nossa eternidade.
Que não seja contigo
Mas é sempre por ti
É sempre em ti
És tudo
Absolutamente nada mais –
Posto que não há nada mais –
Cabe em mim
Tu me transbordas
És enchente
És vida
És o presente
És o ausente
És o nascer
És o poente
És tudo
Estás
Invariavelmente
Inexoravelmente
Nos milissegundos do sempre
Aqui.
Entre ósculos e amplexos
De um amor angelical
Puro
Sem igual
Amor apaixonado
Que transcende o conceito
De certo e errado
Fodem
Fodem muito
E levam no dia-a-dia
O prazer como legado
Sempre
Costumeiramente
Abundantemente
Melados
Amam-se
Consomem-se
Fodem-se
Esquentam-se
São fogo
Combustível
Comburente –
Não se deixam amornar
Amor para foder
Foder para amar.
Sim, eu te amo
E te quero cada vez mais,
E sempre que eu te chamo
Espero que venhas diferente,
Mais pura, mais leve, mais solta,
De preferência, sem muita roupa,
Pois não haverá muito tempo para resistir.
Fecho os olhos e recebo teus beijos:
Sinto teu cheiro em mim.
E me satisfaço em saber que meu desejo
Está como veio ao mundo,
Exatamente diante de mim.
Sim, meu desejo tem voz
E nesse momento que estamos à sós,
Te possuo com gritos e berros,
Te rasgo com palavras doces,
E tudo de bom que a vida me trouxe
Eu despejo dentro de ti.
Inundo-te feito rio doce, melado,
Nenhuma destruição, só prazer.
Ao mesmo tempo que descanso,
Tua vontade eu agiganto
Beijando, sem pressa,
As portas do teu céu,
Fazendo com que teu contorno se mostre,
E minha congruência mais uma vez invoque,
Mostrando o tanto que quero em ti.
E se feito um número peço que fiques,
E que sem medo te entregues para mim,
Te mostro o que ainda não experimentaste,
E a mistura de dor e prazer em tua face
É o prêmio maior que recebo
Desse momento que vicia,
Marcando definitivamente minhas fantasias,
Quando por sobre seu ombro
Vejo o que tu não precisas dizer.
Sim, sei que te sentes mais mulher agora
E sem dúvida me sinto também mais homem.
Chegastes onde querias,
E no teu rosto, inigualável imagem:
Vejo meu prazer brilhar em ti!
Teu gosto definitivamente meu,
Como se fosse minha própria saliva,
Que sem pressa cristaliza
O quanto que ainda preciso te ter.
Sim, somos puro prazer…
E dentro de nós resta a esperança
De mais um dia, mais uma noite…
Sempre mais, cada vez mais,
Não há nada melhor do que sermos um único corpo.
Ando pelas ruas procurando o teu rosto
Tentando sentir o teu perfume
Talvez ouvir a tua voz
Quem sabe?
Eu sei
Não estás aqui
Não sei onde estás
Mas isso não encerra minhas buscas
Em outros rostos
Em outros perfumes
Em outras vozes
Eu me afundo
E te esqueço
Por não mais que alguns segundos
E depois, sinto-me traído
Nem um pouco embevecido
Não houve amor ou prazer
Não houve o que me faz te querer
E sigo nesse rotina fatigante
Quem sabe, um dia…
Na esquina da minha teimosia
Eu te encontre?
Ou quem sabe um dia
Quando formos apenas almas
Cercados por anjos a baterem palmas
Possamos nos reencontrar e viver
Curados dessa sentimental afasia.
Se há uma cor que nos representa?
Vermelha
É sangue
É amor
É paixão
É comichão
Sim…
Comi no chão
Comeria onde fosse
Como fosse
Quando fosse
O importante são
Os sabores
Os temperos
Os destemperos
Os exageros
A cor vermelha
Que você me trouxe
Bem ou mal passada?
Ao ponto
Vermelha
Para escorrer em mim
Me inundar de prazer
E deixa-la ruborizada
Vermelha
Envergonhada
Da sua explosão
Da nossa depravação
Do puro prazer
Não se trata de
Querer ou não querer
Estou com fome
Quero comer você
Fecha a conta, garçom!
Ou seremos presos
Por mostrar de verdade
O que é sobre a mesa
Vermelha
Nossa cor é
Sempre vermelha
Nossos corações
No ponto
Banquete indecente
Eu e você.
A expectativa que geramos é o primeiro passo em direção à frustração. Não crie espectativas. Faça pelo prazer de fazer. Esta já é a sua recompensa.
E lembre-se: “Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas.”