Você é “forte” ou “fraco”?

Você já se viu diante de uma situação onde teve que escolher entre alguém “forte” e alguém “fraco”?

Sei que esta pergunta pode parecer estranha em uma primeira leitura, mas este é um dilema real que muitas pessoas enfrentam diante de manipuladores.

Em geral, o manipulador se apresenta como alguém fraco. Demonstra apatia e incapacidade de lidar com o mundo real. É sempre vítima das pessoas e das circunstâncias. Frases típicas: “Eu não vou aguentar passar por isso…”, ou “Nunca mais vou me recuperar…”, ou mesmo ameaças diretas ou indiretas de suicídio.

A pessoa vista como fraca é o “café com leite” da família, do ambiente de trabalho, da roda de amigos, e até mesmo nos relacionamentos românticos. Em geral, consegue o que quer através da culpa que consegue infligir nos outros que, comovidos com a sua declarada fraqueza, pensam que o único caminho para aquela pobre alma é a plena satisfação de suas vontades, por mais absurdas que estas sejam. E é aí que reside o problema.

A diferença entre o fraco e o forte é, na maioria das vezes, apenas uma questão de atitude. O dito forte é apenas uma pessoa que sabe que vai ter que matar um leão por dia e que se fazer de coitado ou mesmo conseguir algo por se comportar de maneira covarde é indigno. O forte, acima de tudo, tem dignidade, tem brio, ainda que precise ou deseje uma coisa muito mais do que um dito fraco. A diferença é que o dito forte jamais será capaz de se utilizar de qualquer ferramenta que viole o seu código de conduta, bem como a maneira que se vê e como quer ser percebido pelo mundo em que vive.

O paradoxo dessa situação? Quanto mais objetivos a pessoa dita fraca alcançar através da manipulação, menos forte ela precisará ser. Com o tempo, aumentará consideravelmente o seu repertório de ardis e sua capacidade de tocar (ou pelo menos de tentar tocar) nos pontos fracos (culpa, pena, dó, piedade, valores religiosos) de quem deseja manipular. Já a pessoa tida como forte, aprenderá com suas experiências, quer sejam derrotas ou vitórias, e aumentará a sua força e a sua coragem, na certeza de que obter o que deseja obter por conta do seu esforço direto é o único caminho possível a ser seguido.

Não comecei este texto colocando entre aspas as palavras forte e fraco por mero acaso. Só é fraco quem nunca precisou de fato ser forte e quem teve exemplos bem próximos de manipulação e covardia.

DISCLAIMER: O meu texto é sobre pessoas funcionais e não acometidas de algum tipo de patologia ou transtorno psiquiátrico, muito embora a vida tenha me ensinado que até estas pessoas precisam e devem fazer algum tipo de esforço para se curarem em definitivo.

Desafios são oportunidades

Eu me lembro que quando comecei a trabalhar, em um belo, dia a minha gerente me disse: “temos um problema”. Foi assustador ouvir isso. Na minha percepção, a palavra problema trazia consigo uma carga muito, muito negativa, ao ponto de causar até uma certa paralisia. Acabamos por resolver o tal problema, mas a impressão que fiquei com relação à palavra permaneceu.

Alguns empregos depois, tive um gerente sueco que me chamou em sua sala e disse: “Estamos diante de um desafio…” e explicou todos os detalhes. A palavra desafio, ao contrário da palavra problema, me tocou de maneira diferente. O desafio eu tomei como algo pessoal, ainda que fosse uma questão corporativa. Era como se meu chefe estivesse me dizendo algo do tipo: “você pode, você consegue”. Nem preciso dizer que virei noites por conta própria para vencer o tal desafio, não é mesmo? Aquilo mexeu comigo. Eu fui desafiado, e isso tirou o melhor de mim.

O tempo passou e comecei a gerenciar pessoas. Como bom aluno, aprendi a lição. Nunca falei com meu time sobre problemas. Sempre eram desafios, coisas que precisávamos resolver juntos. E isso também dava a eles a percepção que eu tinha: éramos parte da solução e não o problema propriamente dito.

Durante esse processo, acabei por interiorizar esse conceito de tal forma que ele também passou a fazer parte da minha vida pessoal e de como eu encaro as questões que a vida me propõe. E fui mais longe… Percebi que quando a vida me dava um desafio (e desafios surgem todos os dias), é porque já existia em mim o poder, a força, a determinação e o conhecimento necessários para começar a supera-lo. E mais… Também percebi que se um desafio aparecia de forma constante em minha vida, é porque a minha estratégia para supera-lo estava equivocada. Era a hora de parar, dar um passo atrás e pensar: “O que posso fazer diferente? Por que estou não estou avançando?” E com pequenos ajustes, acabei me vendo capaz de fazer coisas que antes eu achava impossíveis. Literalmente.

Moral da história: a vida, em todos os seus níveis (pessoal, profissional, etc.), não é fácil. Entretanto, a maneira como lidamos com as questões que surgem é que define os resultados que alcançamos. Se eu pudesse dar uma sugestão para alguém que se encontra “empacado” em qualquer aspecto de sua vida, eu diria para mudar a forma de encarar o que está acontecendo. Não é um problema. É uma oportunidade, um chamado, e uma forma de ser ou de desenvolver o que cada um tem de melhor dentro de si.

Problemas nos paralisam e sem desafios estacionamos. E a vida só faz sentido quando estamos em movimento. Sempre.

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