À mercê do mar

Diga-me, mar,
O que fazer
Com estas ondas de felicidade que me banham,
Que não sei se são pura ressaca
Ou se é assim que agora hão de ser.

Diga-me, mar,
Se do amor já é chegado o tempo,
Para em tuas águas recomeçar
Rumo ao destino por mim desejado,
A mercê do poder e da força dos teus ventos.

Reiniciando

Não fale com o coração

Para quem mal de tá ouvidos

Para quem não escuta

Para quem não tenta ou se ocupa

Em tentar entender

Em tentar sentir

Aquilo que vai muito além das palavras brutas

 

Até porque

Mesmo sem querer

Um dia o vocabulário do coração se acaba

E mudo

Ele se acostuma

E perde aquela necessidade:

Já não tem mais nada a dizer

 

E depois disso tudo

Ele se escuta

E recomeça

Lentamente

A bater.

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