A senhora esperava os carros pararem
Para que ela pudesse atravessar a rua.
Tantos carros –
Muitos carros! –
Nenhum deles a sentia.
A pressa deixava todos cegos.
Cegos que viam cabelos brancos,
Dificuldades nos movimentos,
E anos e mais anos e mais anos.
E a senhora ali,
Desnorteada,
Diante da ingratidão do mundo
Que ela mesma ajudou a construir.
