Conjugados

Há um poema
Entre tuas pernas
Que foi escrito
Com minha língua

Há um poema
Em tua face
Que foi escrito
Com tua caligrafia

Há partes que não cabem
Há partes que não entram
Cheiros e gostos rimados
Por fora e por dentro

Nestes saraus devassos
Nossa história escrevemos
Lirismo que não se cala
Que ou grita ou está gemendo.

Afasia sentimental

Ando pelas ruas procurando o teu rosto

Tentando sentir o teu perfume

Talvez ouvir a tua voz

Quem sabe?

 

Eu sei

Não estás aqui

Não sei onde estás

Mas isso não encerra minhas buscas

 

Em outros rostos

Em outros perfumes

Em outras vozes

Eu me afundo

E te esqueço

Por não mais que alguns segundos

 

E depois, sinto-me traído

Nem um pouco embevecido

Não houve amor ou prazer

Não houve o que me faz te querer

 

E sigo nesse rotina fatigante

Quem sabe, um dia…

Na esquina da minha teimosia

Eu te encontre?

 

Ou quem sabe um dia

Quando formos apenas almas

Cercados por anjos a baterem palmas

Possamos nos reencontrar e viver

Curados dessa sentimental afasia.

ANJOS_DO_AMOR1