No geral, todos dizem que você deve “pensar fora da caixa”. Experimente fazer isso. Em menos de 5 minutos, vão tentar te colocar de volta na caixa na base da porrada se necessário for.
Conclusão: você pode e deve pensar fora da sua caixa desde que seja na caixa do mainstream ou do senso comum.
Uma das coisas que descobri é que algumas pessoas seguem comigo mesmo que já tenham ido para o céu ou estejam longe fisicamente. E elas mostram sua presença do nada, em situações cotidianas e corriqueiras.
Comer aquele queijo, andar naquela praia, ir naquele parque, tomar aquele café, trocar aquele sorriso, realizar aquele sonho que seu irmão nunca teve a chance de viver, e assim descobrir que fica sempre um pouco do outro dentro de mim, e que sempre fica dentro do mim um pouco do outro, independente da minha vontade.
Quando eu era mais novo, escrevi um “livro” (eram páginas de uma impressora devidamente encadernadas). Dediquei este “livro” a meu irmão, que foi para o céu com apenas 8 anos de idade, com os seguintes dizeres:
“Tempo e distância são nada entre nós.”
Continuam não sendo. Nunca serão.
De vez em quando, eu fico triste. Não estou falando do meu irmão especificamente, mas porque me parece que envelhecer é acumular saudades. E toda a vez que eu sinto qualquer tipo de saudade, eu acredito mais ainda em Deus. A saudade me faz acreditar na vida eterna, no paraíso, e me faz acreditar que, algum dia, de alguma forma, eu vou voltar a sentir e a ter bem perto de mim aqueles que deixaram partes da minha vida congeladas quando se foram ou se afastaram.
E ainda assim, eu quero viver todas as minhas saudades. Delas não me desapego, porque a saudade me faz lembrar nos meus piores dias que em outros tantos eu fui muito, muito feliz. E que assim será até o fim dos meus dias. Sem nenhuma saudade – e são muitas, muitas – eu teria certeza de que eu nunca soube o que é viver.
Eu sou O que está por detrás Das portas que não abro O que não encaro Nas janelas que embaço As músicas que não escuto Os petiscos que não degusto Os vinhos que não abro As conversas que não tenho Os sentimentos que ignoro E tudo mais que disfarço
Eu estou Sem sede Sem fome Entalado Mofado Abismado Atordoado Disperso Possesso Compresso Inconfesso Puto! E mais nada
Eu estou O reverso Eu estou Ao contrário E diante Desse corolário Eu estou morto Mas esse óbito – Valha-me, Deus! – É temporário.
De todas as coisas lindas da vida – E na vida não faltam coisas lindas – A vida é sempre das coisas a mais linda.
Ora feliz, ora triste Ora crente, ora descrente Tudo permanece, tudo existe Tudo permeia, tudo insiste Tudo é porque é Tudo é vivo Tudo pulsa Tudo.
Tenho medo de perder a vida Não porque tenho medo da morte, Mas porque há muita sorte Em se poder ter a vida.
Que os sorrisos invadam! Que as lágrimas corram soltas! Pois tudo é parte das coisas lindas E do privilégio que é poder achar que são lindas As coisa mais lindas que são a própria vida.