Eu sobreviverei a todo e qualquer silêncio que você me imponha
Porque por dentro de você eu sei que sou puro barulho.
Eu sobreviverei a todo e qualquer silêncio que você me imponha
Porque por dentro de você eu sei que sou puro barulho.
Não fale com o coração
Para quem mal de tá ouvidos
Para quem não escuta
Para quem não tenta ou se ocupa
Em tentar entender
Em tentar sentir
Aquilo que vai muito além das palavras brutas
Até porque
Mesmo sem querer
Um dia o vocabulário do coração se acaba
E mudo
Ele se acostuma
E perde aquela necessidade:
Já não tem mais nada a dizer
E depois disso tudo
Ele se escuta
E recomeça
Lentamente
A bater.
Fiquei chato
Eu sei…
Repetitivo
Em busca de respostas
Tateando no escuro
Falando mais do que devia
Ouvindo o que não queria
Fiquei chato
Perdi o encanto
Virei pranto
Escondendo-me nos cantos
Nas sombras do que eu queria
Fiquei chato
Quando resolvi
Que precisava de certezas
Cartas sobre a mesa
Pés no chão
Fiquei chato
Quando quis materializar
Quando não quis só mais sonhar
Quando quis viver e ter
Quando quis simplesmente ser
Fiquei chato
Minhas palavras
De fato e nexo vazias
Buscando um sentido sentido
Nas palavras que você não dizia
Fiquei chato…
Mas como assim?
Amo – por você e por mim
Chato?
Não era e não sou assim.
Escuta-me!
Percebe meu silêncio?
Estou aqui!
Em silêncio…
Não ouso me manifestar!
Palavras mil
Idéias em milhões
Resto de tudo
Náufrago de ilusões
Eu sei, amor protocolar
“Estou confusa”
Mas abro meu coração
Rasgo a minha blusa
Alma que sangra por um peito aberto
Completamente desnuda
Ah, meu amor!
Que falta faz seu cheiro
Seu sabor…
Saudades de tudo
Mudo…
Silêncio mudo
TUDO!
Aquela pizza
Aquele vinho
Aquele sushi
Tudo ali!
Saudades do que está de fato perto
Estou vivo
Você também
Estamos aqui!
Queria eu que fosse
Um passado esquecível
Mas nosso amor, outro nível
Inquestionavelmente crível!
Aquieto-me diante do meu infindável pranto
Mas é assim…
Tantas coisas para lembrar
Um futuro para achar
Dentro de um pretérito imperfeito
Que na fragrância abundante e melada de um amor
Encontrou visceral e inalienável direito
De um futuro que existe sem existir
De um amor que ora renasce e ora está por vir
Eternamente…
Em nossa existência e na esperança que existe –
E resiste! –
Na nossa razão e motivo para…
Sem rima…
TUDO!!!
Silêncio, dentro de mim.
Sua voz que tanto me dizia,
Que em acordava, me benzia,
Se foi, junto com você,
No último dia que pude ouvir.
Ficaram as palavras mudas,
De quem jurou, prometeu, se entregou,
Amou, seduziu, gozou,
Que fim tudo isso levou?
Não sei, embora precise saber,
Tudo se silenciou.
Sou silêncio agora,
Pois já disse tudo que podia,
Tudo que havia, tudo que sentia,
Nunca, nunca, hipocrisia,
Tudo verdade, tudo perfeito,
O que eu tinha como meu grande direito,
Se apagou, se emudeceu.
Ouço apenas o cantar dos pássaros,
Que levam e trazem minha saudade,
Reafirmam a minha dignidade,
E me mostram em seu vôo
A liberdade, para ir e vir,
Encontrar meu caminho,
Entre pedras e espinhos,
Minha vida, meu prazer.
E mesmo que eu fizesse muita força,
Você, minha boneca de louça,
Se quebrou, se partiu.
Ninguém, ninguém sorriu,
E o mundo imaginou
O que você nunca admitiu:
Quando você se foi, silêncio,
Dentro de mim,
Mas muito mais dentro de você.
Sentar ao meu lado
Que eu saiba
Nunca foi pecado
Para falar de poesia
De fotografia
Da vida
Do dia-a-dia
Ou para ficarmos calados
Nunca nos faltou assunto
Nunca
E mesmo assim esse silêncio
Essa distância
Essa falta de abundância
Do básico
Algo quase afásico
Algo que não é nosso
Essa coisa, esse troço
Nunca foi assim
Ainda me flagro
Conversando com seu cheiro
Com seu toque
E acredite…
Quando me toca
Ainda sinto aquele choque
É como se fosse ontem…
É como se fosse…
É como se não tivesse fim
E nada há de apagar
O que foi sentido
O que foi falado
O que foi ouvido
O que foi feito e desfeito
Com a sensação platônica
Do mais que perfeito
Não é pretério
Ou finada
A falta que trago em meu peito
Como se fosse ontem…
Como se fosse…
E se fosse, seria
Mais do que já é
Mais do que sempre
Renascida
Sobrevivida
A cada sol poente.
Parece-me apropriado acreditar que o silêncio possa ser tão revelador quanto as palavras. Talvez, no silêncio, seja dito o que não se consegue dizer ou traduzir em palavras. O grande complicador, entretanto, é que o silêncio é essencialmente subjetivo e justamente por isso diz o que se quer dizer ou não.
Silenciei
Nada a ver com boca ou ouvidos
O silêncio que não me dei
Fez emergir outros sentidos.
Invade-me teu silêncio
Talvez ele me diga alguma coisa
…
…
Nada
Talvez eu esteja surdo
Talvez tu estejas muda
Não precisas me explicar
Metamorfoseio-me
Oiças-me mudo
Eu mudo
E vôo
Pro mundo.
Em silêncio eu espero
Em silêncio, eu espero
E espero na espera
Esperando esperança
No silêncio que impropera
O tempo rasga
O tempo dói
O tempo não cura
Pelo contrário!
Vira do avesso
Eviscera as factíveis
E inesquecíveis lembranças
Do que só tem começo
Ele faz esquecer
Faz esquecer de esquecer
Relembra com intensidade
Cada vez mais tenaz e forte
É legião – e não centúria ou coorte! –
É esforço pra lá de inútil
É desperdício de momentos
É jurar o amor de morte
E assustar-se com sua vingança
Ferindo-nos com um certeiro bote
Do qual não se escapa
Quer seja por prudência ou pura sorte
Mas sei que devo entender –
E ainda assim não entendo! –
Na nossa dor somos vivos
E está por deveras doendo
Mesmo que não saibamos
O futuro acabará sendo
Um desesperado recuperar
De horas……………………
De minutos………………………..
De segundos……………………………….
Que prudentemente ou não
Acabamos perdendo
Que eu esteja errado, então…
Que o vento espalhe
As areias do tempo
E que algum dia
Possamos chamar
Esse aparente – e convincente! –
Desperdício
De um grande investimento
Que não deixou resquícios
E que só criou para o futuro
Uma miríade de melhores momentos
Ainda que, por ora
Nem isso sirva de alento
Só duro e cruel sofrimento.