Eu olho para o céu e vejo
No infinito a minha finitude
Perplexidade diante de coisas tão pequenas
Fraqueza, apesar de plena e total saúde.
Nas sombras eu me escondo aturdido
Quero ver o Sol, mas não quero luz
Cruel e real tua atordoante presença
Que mesmo sem ter cor, muito seduz.
Desejar-te é desafiar todas as barreiras
Vencer o tempo, fugir da cruz
Animalizado instinto, puro sentimento
Revelar meu carrasco, sem tirar seu capuz.
Deixar o fogo queimar a carne
Deixar a alma arder em torpor
Trocar o certo pelo incerto atraente
Trocar o vazio pelo anseio, impávido pavor.
Sucubus real, tangível e sedutor
Filha das trevas, suga o sangue de minhas feridas
Cospe em minha face, sem nenhum valor
Prossegue caminhando para sempre sem vida.
Eu olho para o céu e vejo
Fragmentos de mim, totalidade do teu ser
És agora mais forte que antes
Êxtase alucinante, não me perdoo por te querer.
E depois me calo,
O silêncio tem mais à dizer
Fria pele, passa-me teu calor
Já estou morto, muito antes de morrer.