Nada a temer
Por nada esperar.
Deixou morrer a esperança,
E deste dia em diante,
Fulgiu e chamejou
A própria vida.

Nada a temer
Por nada esperar.
Deixou morrer a esperança,
E deste dia em diante,
Fulgiu e chamejou
A própria vida.
Longe da presença dos outros
Diante da minha inevitável presença
Tornaram-se inadiáveis os questionamentos
As razões de ser, de viver
Quem sou?
Por que sou?
Por quem sou?
Será que sou por mim?
E em meio ao bombardeio de perguntas
Jorram aos borbotões as respostas
E sobre elas pairam dúvidas:
Será que eu mesmo as forneci
Ou será que só as repeti
Como tantas outras vezes fiz?
Passou da hora de eu mesmo me conhecer
Por mim
Eu devo isso a mim
É corolário para a plenitude da minha vida
Prefiro viver cheio de verdadeiras dúvidas
Do que repleto de falsas certezas
Quero as cartas sobre a mesa
Quero os pés no chão
Quero mudar ou formar opinião
Quero transformar os pesos em leveza
E desfazer todas as ilusões
Estoura-las feito bolhas de sabão
Não é possível fazer isso sem dor
Sem definitivamente me responsabilizar
Sem aceitar as coisas como são
Sem perdoar-me e sem pedir perdão
Não fui nem tão bom e nem tão ruim
Nas mais diversas situações
Eu simplesmente fui o que sabia ser
E toda essa minha derradeira imperfeição
Aqueceu e acendeu meu coração:
Há muito para conhecer
Muito para desaprender
Muito para evoluir
Ainda estou em processo
Não cheguei ao fim
Sequer sei se já cheguei ao começo
Mas, hoje, já posso afirmar:
Um dia, eu já temi a solidão
E só a temia por temer-me.