A verdade e a mentira mordem,
Mas só a mentira é peçonhenta.
A verdade e a mentira mordem,
Mas só a mentira é peçonhenta.
Esta noite
Por descaso
Pouco caso
Vergonha
Orgulho
Cansaço
E tudo mais
Que percebo
E disfarço:
Deixe-me
Deixe-me provar!
O veneno
Que aos poucos –
E disso eu bem sei –
Irá nos matar.
Noite misteriosa
Sem brilho
Jocosa
Que chuta cachorro morto
Até não haver mais corpo
Para um funeral digno
Noite traiçoeira
Sinuosa serpente
Sorrateira
Que inocula seu veneno
Que deixa o corpo fervendo
E parte! Sem se despedir
Noite chuvosa
Propositalmente onírica
Lírica
Jorrando em borbotões
Tira o ar de meus pulmões
E me afoga em minha teimosia
Noite inesquecível
Deliciosa gastura
Loucura!
Mas se tiver que ser
Render-se-á o alvorecer
A esta carestia mundana.
Só sei do que sentes
Porque entre um orgasmo e outro
Tua mente não faz mais nada
Além de se despir
Não que teu corpo nu revele pouco
Mas nunca quis só isso
E sabes bem disso
Pois minha mente para ti está sempre despida
O que eu quero tens por dentro
Mistura de perfume e veneno
Que aprendi a degustar, saborear
E que por por mais que eu me acostume
Queima-me sempre –
Onde jaz meu sistema imune?
Pudera…
Até eu estava cansado do meu azedume
Eu já não sentia graça como de costume
E tu estavas lá – Onde?
Nem eu sei
Mas me chamavas para voltar
E eu vim a força –
Na tua força, já que eu não tinha
Nada além do insuficiente
Para carregar minha carcaça carente –
Ardente, água ardente, aguardente
Sedento por amor, por vida
Vivo…
E ainda assim, castigo!
Longe ou perto, tanto faz
Sempre completamente despidos
Corpos e almas unidos
Por alianças e sonhos
Avassaladoramente eternais.