Um pouco de vento

Andando pela rua

Mente distraída

Ausente do mundo

Corpo do avesso

Sinto teu perfume

E respiro fundo…

Continuo vivo

Reconheço

 

Em casos extremos

Da mais pura saudade

O vento tráz de onde for

O que remete à felicidade

 

Grande benfeitor

Esse tal vento

Que distrai a saudade

Salva dias

Cura feridas

Enquanto não acontece

O que faz falta

O que não se mata

A todo momento.

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Na flor da idade

Estão cortando uma árvore em frente a minha casa

Planejamento urbano? Futuro?

Frondosa, com profundas raízes

Indefesa diante do “progresso”

 

Não é bem isso que fazemos com nossos idosos

Quando eles se tornam um empecilho?

Fonte inesgotável de sabedoria

Os afastamos de nossas vidas

 

Dói menos assim, não é mesmo?

Aos poucos, nosso coração se esquece

De quem nos deu sombra, de quem nos fez mingau

De quem nos cuidou e protegeu com sua própria vida

 

Eu sou essa árvore

Eu sou esses idosos

E se algum dia eu for parar em um asilo

(Sente-se melhor se eu chamar de Casa de Repouso?)

Vou ficar tranquilo

Doente ou sadio

Lúcido ou não

Estarei a poucos passos de encontrar a Deus

 

E é por isso que eu sempre digo:

Nasci de cabeça para baixo

Minhas raízes não estão na terra

Estão e crescem em direção ao céu.

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Nunca brinquem quando forem doar sangue!

– O senhor tem alguma doença sexualmente transmissível?
– Não.
– Já teve hepatite?
– Não.
– Dormiu bem essa noite?
– Sim.

– Ok, o senhor está apto a doar sangue. Como não é a primeira vez que doa, já sabe como proceder após a doação, correto? Precisa se hidratar, não pode fazer força com o braço, não pode beber hoje…
– Como assim não posso beber hoje?
– Não pode por conta da doação…
– Então, não vou doar! (levanto-me e finjo que vou embora)
– …
– Oi, era só uma brincadeira…
– O senhor é dependente do álcool?
– De forma alguma… Eu estava brincando…
– O senhor está fazendo tratamento para se livrar da dependência?
– Eu estava brincan…
– O senhor bebeu hoje???

15 minutos depois…
– Ok, mas não brinque assim novamente. Nosso trabalho é muito sério.
– Eu sei… Eu estava só brincando, já disse.
– Quantos anos o senhor tem?
– Quarenta e quatro.
– Não parece…
– Isso foi um elogio?
– Não.